Foi então que sentiu passos se aproximarem e virou a cabeça na esperança infundada de que alguém estivesse vindo ajudá-los. A imensa silhueta de seu algoz se materializou no corredor. Katherine se encolheu ao recordar a imagem daquele mesmo homem na casa de sua família 10 anos antes.
Ele destruiu minha família.
O monstro avançou em sua direção, se agachou e a segurou pela cintura, erguendo-a com truculência sobre o ombro, O arame cortou seus pulsos e o trapo abafou seus gritos mudos de dor. Ele a carregou pelo corredor rumo à sala de estar onde, mais cedo naquele dia, os dois haviam tomado chá juntos. Katherine não viu Langdon em nenhum lugar.
Para onde ele está me levando?
Ele a carregou pela sala e parou bem em frente ao grande óleo das Três Graças que ela havia admirado naquela tarde.
— Você mencionou que gostava deste quadro — sussurrou o homem, com os lábios praticamente tocando sua orelha. — Fico feliz. Talvez seja a última coisa bonita que verá.
Com essas palavras, estendeu a mão e pressionou a palma no lado direito da imensa moldura. Para espanto de Katherine, o quadro se moveu em torno de um eixo central, como uma porta giratória. Uma passagem secreta.
Katherine tentou se desvencilhar, mas o homem a segurou firme, carregando-a pela abertura atrás da tela. Quando as Três Graças tornaram a girar, fechando-se às suas costas, ela pôde ver o isolamento acústico na parte de trás da pintura. Quaisquer que fossem os sons que ele fazia ali dentro, aparentemente não eram destinados a serem ouvidos pelo mundo exterior.
O espaço atrás do quadro estava abarrotado, mais parecendo um corredor do que um cômodo. O homem a carregou até o outro extremo e abriu uma porta pesada, que conduzia a um pequeno patamar. Ao chegar lá, Katherine viu uma estreita rampa que levava a um subsolo profundo. Inspirou para soltar um grito, mas o trapo a sufocava.
As paredes de cimento dos dois lados da rampa íngreme e apertada estavam banhadas por uma luz azulada que parecia emanar do fundo. O ar que subia de lá era morno e pungente, carregado com uma sinistra mistura de aromas... o cheiro forte de produtos químicos, o perfume suave de incenso, o odor terroso de suor humano e, dominando todo o resto, uma aura de medo visceral, animal.
— A sua ciência me deixou impressionado — falou o homem quando chegaram ao final da rampa. — Espero que a minha também a impressione.