CAPÍTULO 93
A Franklin Square fica no quadrante noroeste do centro de Washington, ladeada pelas ruas K e 13. A praça abriga muitos prédios históricos, em particular a Franklin School, de onde Alexander Graham Bell enviou, em 1880, a primeira mensagem por telégrafo do mundo.
Bem acima da praça, um helicóptero UH-60 se aproximou depressa pelo lado oeste, tendo percorrido em poucos minutos a distância da Catedral Nacional até ali. Tempo de sobra, pensou Sato ao olhar para a praça lá embaixo. Ela sabia que era fundamental que os agentes assumissem suas posições sem serem vistos, antes de o alvo chegar. Ele disse que iria demorar pelo menos 20 minutos.
Obedecendo às ordens de Sato, o piloto deixou os passageiros no telhado do edifício mais alto das redondezas — o famoso One Franklin Square, um imenso e prestigioso prédio de escritórios encimado por duas torres. A manobra era ilegal, é claro, mas o helicóptero só ficou alguns segundos ali, e seu patim de aterrissagem mal tocou o piso de cascalho. Assim que todos saltaram, o piloto levantou vôo imediatamente, inclinando-se para leste, direção na qual subiria até uma “altitude silenciosa” para dar cobertura invisível lá de cima.
Sato esperou a equipe de campo juntar suas coisas e preparar Bellamy para a missão. O Arquiteto ainda parecia atordoado pelo que vira no laptop da diretora do ES. Como eu disse... uma questão de segurança nacional. Bellamy logo entendera o que ela estava querendo dizer e agora cooperava sem restrições.
— Tudo pronto, senhora — disse o agente Simkins.
Seguindo as ordens dadas por Sato, os agentes conduziram Bellamy pelo telhado e desapareceram por uma escada, rumando para o térreo para assumir suas posições.
A diretora foi até a beirada do prédio e olhou para baixo. O parque arborizado ocupava o quarteirão inteiro. Bastante lugar para se esconder. A equipe de campo compreendia a importância de uma interceptação discreta. Se o alvo sentisse a presença das autoridades e decidisse simplesmente ir embora... Sato não queria nem pensar nisso.
O vento lá em cima estava forte e frio. A diretora abraçou o próprio corpo e plantou os pés no chão com firmeza para não ser arrastada para fora do telhado. Daquele ângulo privilegiado, a Franklin Square parecia menor do que ela se lembrava, com menos prédios. Sato se perguntou qual deles seria o número 8. Havia solicitado essa informação à sua analista, Nola, de quem aguardava notícias a qualquer momento.
Bellamy e os agentes surgiram lá embaixo, parecendo formigas se espalhando pela escuridão da área arborizada. Simkins posicionou o Arquiteto em uma clareira próxima ao centro do parque deserto. Então ele e sua equipe se misturaram às arvores, sumindo de vista. Em poucos segundos, Bellamy estava sozinho, andando de um lado para outro e tremendo sob a luz de um poste de rua.
Sato não sentiu pena.
Ela acendeu um cigarro e deu uma longa tragada, saboreando o calor da fumaça à medida que impregnava seus pulmões. Convencida de que tudo lá embaixo estava em ordem, afastou-se da beirada para esperar seus dois telefonemas: um da analista Nola e outro do agente Hartmann, que seguira para Kalorama Heights.