Bellamy inspirou fundo, soltando o ar em seguida. Então estendeu a mão e apertou o botão do viva voz para atender a chamada.
— Aqui é Bellamy — disse ele, falando alto na direção do telefone sobre a mesa.
A voz que emergiu, com um chiado, do alto-falante era familiar: um sussurro rouco. Ele parecia estar ligando de dentro de um carro, usando o viva voz para deixar as mãos livres.
— Já passa da meia-noite, Sr. Bellamy. Eu estava prestes a pôr fim ao sofrimento de Peter.
Um silêncio aflito se fez na sala.
— Deixe-me falar com ele.
— Impossível — respondeu o homem. — Estou na estrada. Peter está amarrado dentro do porta-malas.
Langdon e Katherine se entreolharam e sacudiram a cabeça para os demais. Ele está blefando! Peter não está mais com ele!
Sato gesticulou para Bellamy insistir.
— Eu quero uma prova de que Peter está vivo — disse Bellamy. — Não vou lhe dar o resto do...
— Seu Venerável Mestre precisa de um médico. Não perca tempo com negociações. Me dê o número do prédio na Franklin Square e eu lhe entregarei Peter lá.
— Eu já disse, quero...
— Agora! — explodiu o homem. — Senão encosto o carro e Peter Solomon morre agora mesmo!
— Escute aqui — falou Bellamy, decidido. — Se quiser o endereço completo, você terá de obedecer às minhas regras. Me encontre na Franklin Square. Depois que me entregar Peter vivo, eu lhe direi o número do prédio.
— Como vou saber que as autoridades não estarão lá?
— Porque não posso me arriscar a trair você. A vida de Peter não é seu único trunfo. Sei o que está realmente em jogo hoje à noite.
— Se eu desconfiar — disse o homem ao telefone — que há alguma outra pessoa além de você na Franklin Square, não vou parar o carro e Peter Solomon desaparecerá para sempre. E é claro... essa vai ser a menor das suas preocupações.
— Irei sozinho — respondeu Bellamy. — Quando você me entregar Peter, eu lhe darei o que quer.
— No meio da praça — disse o homem. — Vou levar pelo menos 20 minutos para chegar lá. Sugiro que me espere o tempo que for preciso.
A ligação foi cortada.
Na mesma hora, o saguão ganhou vida. Sato começou a gritar ordens. Vários agentes de campo agarraram seus rádios e se encaminharam para a porta.
— Andem! Andem!
Em meio àquele caos, Langdon olhou para Bellamy em busca de algum tipo de explicação sobre o que realmente estava acontecendo naquela noite, mas o Arquiteto já estava sendo conduzido às pressas pela porta.
— Eu preciso ver meu irmão! — gritou Katherine. — Vocês têm que nos deixar ir!
Sato se aproximou de Katherine.
— Eu não tenho que fazer nada, Sra. Solomon. Está claro?
Katherine não arredou pé, fitando, em desespero, os olhos miúdos de Sato.
— Sra. Solomon, minha prioridade é prender esse homem na Franklin Square, e a senhora vai ficar aqui sentada com um de meus homens até eu fazer isso. Então, e só então, vamos nos preocupar com seu irmão.
— A senhora não está entendendo — disse Katherine. — Sei exatamente onde esse homem mora! Fica a cinco minutos daqui, em Kalorama Heights, e lá existem provas que poderão ajudá-la! Além do mais, a senhora disse que não quer que este caso vaze. Sabe-se lá o que Peter vai dizer às autoridades quando o estado dele se estabilizar.