Por que não 100? Por que não algo mais redondo? Peter me explicou que, para um místico como Isaac Newton, não existia número mais elegante do que 33.
Tudo é revelado no grau 33. Langdon olhou para a panela e, em seguida, para a pirâmide.
— Katherine, a pirâmide é feita de granito e ouro maciços. Você acha que o calor da água fervente basta para transformá-la?
O sorriso no rosto de Katherine indicava que ela sabia alguma coisa de que Langdon nem desconfiava. Confiante, andou até a bancada, ergueu a pirâmide de granito com seu cume de ouro e colocou-a dentro do escorredor, mergulhando-o cuidadosamente na água borbulhante.
Por que a gente não tenta descobrir?
Bem acima da Catedral Nacional, o piloto da CIA acionou o dispositivo que fazia o helicóptero pairar automaticamente e examinou o perímetro do prédio e o terreno. Nenhum movimento. Seu gerador de imagens térmicas não conseguia penetrar as paredes de pedra da catedral, portanto, ele não tinha como saber o que a equipe estava fazendo lá dentro, mas, se alguém tentasse sair de fininho, o equipamento detectaria.
Sessenta segundos depois, um dos sensores térmicos emitiu um bipe. Funcionando segundo o mesmo princípio dos sistemas de segurança domésticos, o detector havia identificado uma forte diferença de temperatura. Em geral, isso significava uma forma humana se movendo por um espaço frio, mas o que aparecia no monitor era mais uma nuvem térmica, uma mancha de ar quente que se deslocava pelo gramado. O piloto encontrou sua origem: um duto de ventilação do Cathedral College.
Não deve ser nada, pensou. Ele via aquele tipo de alteração o tempo todo. Alguém cozinhando ou lavando roupa. Quando estava prestes a virar as costas para o monitor, porém, reparou em uma coisa estranha. Não havia nenhum carro no estacionamento, nem luzes em qualquer lugar do prédio.
O piloto ficou um bom tempo analisando o gerador de imagens do UH-60. Então passou um rádio para o líder de sua equipe.
— Simkins, não deve ser nada, mas...
— Indicador incandescente de temperatura!
Langdon teve de admitir que aquilo era engenhoso.
— É ciência elementar — disse Katherine. — Substâncias diferentes incandescem a temperaturas diferentes. Nós as chamamos de marcadores térmicos. A ciência usa esses marcadores o tempo todo.
Langdon baixou os olhos para a pirâmide e o cume submersos. Espirais de vapor serpeavam sobre a água borbulhante, mas ele não estava esperançoso. Olhou para o relógio e seu ritmo cardíaco se acelerou: 23h45.
— Você acha que alguma coisa vai se tornar luminescente aí dentro?
— Luminescente, não, Robert. Estou falando em incandescente. A diferença é grande. A incandescência é causada pelo calor e ocorre a uma temperatura específica. Por exemplo, ao temperar barras de aço, os fabricantes as borrifam com um revestimento transparente que incandesce a uma temperatura-alvo específica, para indicar quando estão prontas. Pense naqueles anéis que mudam de cor conforme o humor da pessoa. Basta colocá-los no dedo que o calor do corpo muda a coloração deles.
— Katherine, essa pirâmide foi fabricada no século XIX! Posso entender um artesão que constrói dobradiças ocultas em uma caixa de pedra, mas aplicar algum tipo de revestimento térmico transparente não é um pouco demais?
— É totalmente possível — disse ela, olhando para a pirâmide submersa. — Os primeiros alquimistas usavam fósforos orgânicos como marcadores térmicos. Os chineses fabricavam fogos de artifício coloridos, e até os egípcios... — Katherine parou a frase no meio, observando com atenção a água revolta.
— O que foi? — Langdon seguiu o olhar dela para dentro da panela, mas não viu absolutamente nada.
Katherine chegou mais perto, examinando a água com mais atenção. De repente, virou-se e atravessou a cozinha correndo em direção à porta.
— Aonde você está indo? — gritou Langdon.