Braços potentes o empurraram porta adentro, conduzindo-o por uma passarela sinuosa e familiar. O calor pesado e úmido daquele lugar em geral lhe parecia reconfortante. Naquela noite, o fazia suar.
O que estamos fazendo aqui?
De repente, Bellamy foi obrigado a parar e se sentar num banco. O homem musculoso que o arrastava abriu as algemas apenas por tempo suficiente para prendê-las ao banco atrás dele.
- O que vocês querem de mim? - perguntou Bellamy, com o coração batendo descompassado.
A única resposta que recebeu foi o ruído de botas se afastando e da porta de vidro deslizando até fechar.
Então, silêncio.
Um silêncio sepulcral.
Será que eles vão simplesmente me deixar aqui? Bellamy começou a transpirar ainda mais enquanto se esforçava para soltar as mãos. Não vão me deixar nem tirar a venda?
- Socorro! - gritou ele. - Tem alguém aí?
Embora gritasse de pânico, Bellamy sabia que ninguém iria escutá-lo. Aquele imenso ambiente de vidro - conhecido como a Selva - ficava totalmente isolado quando as portas eram fechadas.
Eles me deixaram na Selva, pensou ele. Ninguém vai me encontrar até de manhã.
Foi então que ele escutou.
O som era quase inaudível, porém o aterrorizou mais do que qualquer outro que tivesse escutado na vida. Alguma coisa está respirando. Muito perto.
Ele não estava sozinho no banco.
O súbito chiado de um fósforo crepitou tão próximo de seu rosto que ele pôde sentir o calor da chama. Bellamy se encolheu, puxando com força as algemas, instintivamente.
Então, sem aviso, a mão de alguém tocou seu rosto e retirou a venda.
A chama à sua frente se refletiu nos olhos negros de Inoue Sato enquanto ela pressionava o fósforo no cigarro que lhe pendia da boca, a poucos centímetros do rosto de Bellamy.
Sob a luz do luar que atravessava o telhado de vidro, ela o encarou com ódio. Parecia satisfeita em ver seu medo.
- Então, Sr. Bellamy - disse Sato, sacudindo o fósforo para apagá-lo -, por onde nós vamos começar?