Mas ele vai falar. Eu garanto.
Ela olhou por cima do ombro para uma das mais novas vistas de Washington - o domo do Capitólio desenhado sobre o novo centro de visitantes. O domo iluminado só fazia acentuar a importância do que estava realmente em jogo naquela noite. Época perigosa a nossa.
Sato ficou aliviada ao ouvir o toque do celular e ver o nome de sua analista se estampar na tela.
- Nola - atendeu ela. - O que você descobriu?
Nola Kaye lhe deu a má notícia. O raio X da inscrição no cume estava apagado demais para ser lido e os filtros de otimização de imagem não tinham ajudado.
Merda. Sato mordeu o lábio.
- E a grade de 16 letras?
- Ainda estou tentando - respondeu Nola -, mas até agora não achei nenhum sistema secundário de criptografia que se aplique. Mandei o computador reorganizar as letras para procurar algo identificável, mas existem mais de 20 trilhões de possibilidades.
- Continue trabalhando nisso. Me mantenha informada. - Sato desligou e fez cara feia. Sua esperança de decifrar a pirâmide usando apenas uma foto l' um raio X estava indo por água abaixo. Preciso da pirâmide e do cume... e meu tempo está se esgotando.
Sato chegou à Rua 1 bem na hora em que um utilitário Escalade preto com vidros escurecidos ultrapassou zunindo a faixa dupla amarela, cantando pneu até parar no ponto de encontro. Um único agente saltou do carro.
- Alguma notícia de Langdon? - quis saber Sato.
- Estamos confiantes - disse o homem, sem aparentar emoção. - Acabamos de receber reforços. Todas as saídas da biblioteca estão cercadas. Temos até apoio aéreo a caminho. Vamos encher aquilo lá de gás lacrimogêneo e ele não vai ter para onde correr.
- E Bellamy?
- Está algemado ali atrás.
Ótimo. O ombro dela continuava doendo.
O agente entregou a Sato um saco plástico contendo um celular, um molho de chaves e uma carteira.
- Os pertences de Bellamy.
- Só isso?
- Sim, senhora. A pirâmide e o pacote ainda devem estar com Langdon.
- Certo - disse Sato. - Bellamy sabe muita coisa que não está dizendo. Eu gostaria de interrogá-lo pessoalmente.
- Sim, senhora. Devo levá-lo para Langley, então?
Sato respirou fundo enquanto andava de um lado para outro junto ao carro. O interrogatório de civis norte-americanos era regido por protocolos muito rígidos, e tomar o depoimento de Bellamy seria altamente ilegal a menos que isso fosse feito em Langley, diante das câmeras, de testemunhas, advogados, blá-blá-blá...
- Não, para Langley, não - disse ela, tentando pensar em algum lugar mais perto. E mais reservado.