CAPÍTULO 64
Chega de segredos, pensou Katherine Solomon.
Na mesa à sua frente, o lacre de cera que havia permanecido intacto por muitas gerações jazia em pedaços. Ela terminou de retirar o papel pardo desbotado do embrulho do irmão. Ao seu lado, Langdon parecia claramente desconfortável.
De dentro do papel Katherine extraiu uma caixinha de pedra cinza. Semelhante a um cubo de granito polido, não tinha dobradiças nem fecho - e aparentemente não havia como abri-la. Lembra aquelas caixinhas chinesas que são verdadeiros quebra-cabeças, pensou Katherine.
- Parece um bloco maciço - disse ela, correndo os dedos pelas bordas. - Tem certeza de que o raio X mostrou que há um cume dentro dela?
- Tenho - respondeu Langdon, aproximando-se e examinando a misteriosa caixinha. Ele e Katherine a estudaram de ângulos diferentes, tentando encontrar um jeito de abri-la.
- Achei - disse Katherine, depois de localizar com a unha a fenda escondida que margeava uma das laterais superiores da caixa. Depois de colocá-la sobre a mesa, ela ergueu cuidadosamente a tampa, que se abriu com facilidade, como a parte de cima de um porta-jóias elegante.
Quando a tampa caiu para trás, tanto Langdon quanto Katherine arquejaram ruidosamente de espanto. O interior da caixa parecia reluzir, brilhando com um fulgor quase sobrenatural. Katherine nunca tinha visto um pedaço de ouro daquele tamanho, de modo que levou alguns instantes para perceber que precioso metal estava simplesmente refletindo o brilho da luminária.
- Espetacular - sussurrou ela.
Apesar de ter passado mais de um século lacrado num cubo de pedra, o cume não perdera o brilho nem exibia qualquer defeito. O ouro resiste às leis entrópicas da decomposição; esse é um dos motivos pelos quais os antigos o consideravam mágico. Katherine sentiu o pulso acelerar enquanto se inclinava para olhar o topo dourado.
- Tem uma inscrição nele.
Langdon se aproximou até os ombros dos dois se tocarem. Seus olhos azuis faiscavam de curiosidade. Ele havia contado a Katherine sobre o antigo costume grego de criar um symbolon - um código dividido em várias partes - e lhe explicara que aquele cume, havia muito separado da pirâmide em si, conteria a chave para decifrá-la. Supostamente, aquela inscrição, qualquer que fosse seu significado, criaria ordem a partir do caos.
Katherine ergueu a caixinha até a luz para examinar o cume.
Embora pequena, a inscrição era perfeitamente legíve1 - um texto minúsculo delicadamente gravado em uma das laterais. Katherine leu as sete palavras simples.
Em seguida, releu-as.
- Não! - exclamou. - Não pode ser isso que está escrito!
Do outro lado da rua, a diretora Sato seguia apressada pelo caminho em frente ao Capitólio até seu ponto de encontro na Rua 1. O último informe da sua equipe havia sido inaceitável. Nada de Langdon. Nada de pirâmide. Nada de cume. Bellamy estava sob custódia, mas ele não estava falando a verdade. Pelo menos ainda não.