A lanterna de Anderson tornou a falhar e Sato se virou para ele de supetão, sua raiva transparecendo.
- Pelo amor de Deus, assim está difícil! - Ela mergulhou a mão no bolso e sacou um isqueiro. Acionando-o com o polegar, estendeu a chama para a frente e acendeu a única vela da mesa. O pavio crepitou e em seguida pegou fogo, espalhando uma luminescência fantasmagórica pelo espaço confinado. Sombras compridas riscaram as paredes de pedra. À medida que a chama ficava mais forte, uma imagem inesperada se materializava diante deles.
- Olhem! - disse Anderson, apontando.
À luz da vela, eles agora podiam ver uma inscrição desbotada: sete letras maiúsculas rabiscadas na parede do fundo.
VITRIOL
- Estranha escolha de palavras - disse Sato enquanto a luz da vela formava uma assustadora silhueta em forma de caveira por cima das letras. Ela se perguntava por que alguém escreveria "vitriol”, vitríolo em inglês, quando a palavra mais comum era "ácido sulfúrico".
- Na verdade, isso é um acrônimo - disse Langdon. - Está escrito na parede do fundo da maioria das salas iguais a esta. É a abreviação do mantra maçônico de meditação: Visita interiora terrae, rectificando invenies occultum lapidem.
Sato o encarou, parecendo quase impressionada.
Ou seja?
- Visite o interior da terra e purificando-se encontrará a pedra oculta.
O olhar de Sato se aguçou.
- A pedra oculta tem alguma relação com uma pirâmide escondida?
Langdon deu de ombros, sem querer incentivar aquela comparação.
- Quem gosta de fantasiar sobre pirâmides escondidas em Washington responderia que occultum lapidem se refere à pirâmide, sim. Outros diriam que se trata de uma alusão à pedra filosofal: uma substância que os alquimistas acreditavam ser capaz de proporcionar a vida eterna ou transformar chumbo em ouro. Outros ainda alegariam que a expressão se relaciona ao Santo dos Santos, uma câmara de pedra escondida no centro do Grande Templo em Jerusalém. Há quem diga também que é uma referência cristã aos ensinamentos secretos de São Pedro, a Rocha. Cada tradição esotérica interpreta "a pedra" do seu próprio jeito, mas invariavelmente a occultum lapidem é uma fonte de poder e iluminação.
Anderson pigarreou.
- Será possível que Solomon mentiu para esse cara? Talvez ele tenha dito que havia alguma coisa aqui embaixo... quando, na verdade, não há nada.
Langdon estava pensando mais ou menos a mesma coisa.
Sem aviso, a chama da vela tremeluziu como se houvesse sido agitada por uma corrente de ar. Enfraqueceu por alguns instantes, recuperando-se em seguida e tornando a brilhar com força.
- Que estranho - disse Anderson. - Espero que ninguém tenha fechado a porta lá em cima. - Ele deixou a sala rumo à escuridão do corredor. - Olá?
Langdon mal reparou quando ele saiu. Seu olhar havia sido subitamente atraído para a parede do fundo do cubículo. O que acabou de acontecer?
- O senhor viu isso? - perguntou Sato, também olhando alarmada a parede.