O agente apagou a lanterna e Sato se ajoelhou em frente ao cume. Mesmo de onde estava, Langdon podia perceber que o texto ainda emitia um brilho fraco.
— Eight Franklin Square? — disse Sato, parecendo espantada.
— Sim, senhora. Esse texto foi escrito com uma tinta incandescente ou algo do gênero. Na verdade, o grau 33 era...
— E o endereço? — perguntou Sato. — É isso que o tal sujeito quer?
— É — disse Langdon. — Ele acredita que a pirâmide é um mapa que vai revelar a localização de um grande tesouro: a chave para desvendar os Antigos Mistérios.
Sato tornou a olhar para o cume com uma expressão de incredulidade.
— Me digam uma coisa — falou ela, o medo se insinuando em sua voz —, os senhores já entraram em contato com esse homem? Já deram a ele o endereço?
— Nós tentamos — respondeu Langdon, explicando o que havia acontecido quando telefonaram para o celular do seqüestrador.
Sato escutou, passando a língua pelos dentes amarelos enquanto ele falava. Embora parecesse prestes a explodir de raiva, ela se virou para um dos agentes e falou num tom contido.
— Mande-o entrar. Ele está no carro.
O agente assentiu e transmitiu suas ordens pelo rádio.
— Mandar quem entrar? — perguntou Langdon.
— A única pessoa que tem alguma chance de consertar a cagada que os senhores fizeram!
— Que cagada? — disparou Langdon. — Agora que Peter está seguro, tudo o mais é...
— Pelo amor de Deus! — explodiu Sato. — Isso não tem nada a ver com Peter! Eu tentei lhe dizer isso lá no Capitólio, professor, mas o senhor decidiu ir contra mim em vez de trabalhar junto comigo! Agora fez uma confusão do cacete! Quando destruiu seu celular, que, aliás, nós estávamos rastreando, sim, o senhor interrompeu nossa comunicação com o homem. E esse endereço que vocês encontraram, seja lá o que signifique, é a nossa única chance de capturar esse maluco. Preciso que o senhor jogue de acordo com as regras dele, que lhe revele esse endereço para sabermos onde podemos capturá-lo!
Antes que Langdon pudesse responder, Sato direcionou o resto de sua ira para Katherine.
— E a senhora, Sra. Solomon, sabia onde esse louco morava? Por que não me contou? Em vez disso, mandou um guardinha de araque para a casa do homem. Não está vendo que arruinou nossas chances de capturá-lo ali? Fico feliz por seu irmão estar bem, mas vou lhe dizer uma coisa: nós estamos diante de uma crise cujas ramificações vão muito além da sua família. Elas serão sentidas pelo mundo todo. Esse seqüestrador tem um poder enorme, e precisamos pegá-lo imediatamente.
Quando ela terminava de dar sua bronca, a silhueta alta de Warren Bellamy emergiu das sombras e adentrou a sala de estar. Ele estava desalinhado, ferido e abalado... como se tivesse visitado o inferno.
— Warren! — Langdon se levantou. — Você está bem?
— Não — respondeu o outro. — Na verdade, não.
— Você ouviu? Peter está seguro!
Bellamy aquiesceu, parecendo atordoado, como se nada mais importasse.
— Sim, acabei de ouvir a conversa de vocês. Fico feliz.
— Warren, que diabos está acontecendo?
Sato interveio.
— Vocês poderão colocar a conversa em dia daqui a um minuto, rapazes. Mas agora o Sr. Bellamy vai tentar se comunicar com esse maluco. Exatamente como vem fazendo a noite inteira.
Langdon sentiu-se perdido.
— Bellamy não se comunicou com esse sujeito hoje à noite! Esse cara nem sabe que ele está envolvido!
Sato se virou para o Arquiteto e arqueou as sobrancelhas.
Bellamy deu um suspiro.
— Robert, não fui totalmente honesto com você.
Langdon só conseguiu encará-lo.
— Achei que estivesse fazendo a coisa certa... — falou Bellamy, parecendo assustado.
— Bem — disse Sato —, agora o senhor vai fazer a coisa certa... e é melhor todos nós rezarmos para isso funcionar. — Como se quisesse enfatizar o tom portentoso de Sato, o relógio acima da lareira começou a bater as horas. A diretora apanhou um saco plástico e jogou-o para Bellamy. — Tome aqui suas coisas. Seu celular tira fotos?
— Sim, senhora.
— Ótimo. Segure o cume.