CAPÍTULO 83
No ar úmido da Selva, o Arquiteto do Capitólio podia sentir o suor escorrendo por suas costas. Os pulsos algemados doíam, mas toda a sua atenção continuava focada na ameaçadora pasta de titânio que a diretora do ES acabara de colocar no banco entre os dois.
O conteúdo desta pasta, dissera-lhe Sato, vai convencê-lo a veras coisas do meu jeito. Eu lhe garanto. A asiática baixinha havia aberto a pasta de modo a deixar seu conteúdo fora do campo de visão de Bellamy. Enquanto Sato mexia em alguma coisa lá dentro, a imaginação do Arquiteto corria solta. Ele temia que, a qualquer momento, a diretora fosse sacar uma série de ferramentas reluzentes e afiadas.
De repente, uma fonte de luz se acendeu no interior da maleta, ficando em seguida mais forte e iluminando o rosto de Sato de baixo para cima. Suas mãos continuaram a remexer lá dentro, e a luz mudou de cor. Alguns segundos depois, ela recolheu as mãos, segurou a pasta e a virou para Bellamy de modo que ele pudesse ver o que havia nela.
Bellamy estava diante do que parecia um laptop futurista munido de fone portátil, duas antenas e teclado duplo. A onda de alívio que sentiu logo se transformou em confusão.
O monitor exibia o logo da CIA e o seguinte texto:
LOGIN SEGURO
USUÁRIO: INOUE SATO
PERMISSÃO DE ACESSO: NÍVEL 5
Embaixo da janela de login do laptop, um ícone de carregamento girava:
UM INSTANTE...
DECODIFICANDO ARQUIVO...
Bellamy tornou a fitar Sato, que tinha os olhos cravados nele.
— Eu não queria lhe mostrar isso — disse ela. — Mas o senhor não me deixou outra alternativa.
O monitor tornou a piscar e Bellamy baixou os olhos enquanto o arquivo se abria, seu conteúdo preenchendo a tela de cristal líquido.
Bellamy ficou um bom tempo observando o monitor, tentando discernir o que estava vendo. Ao compreender do que se tratava, sentiu o sangue se esvair de seu rosto. Horrorizado, não conseguia desviar os olhos da tela.
— Mas isso... não pode ser! — exclamou. — Como... como é possível?
O rosto de Sato estava carregado.
— É o senhor quem vai me dizer, Sr. Bellamy. É o senhor quem vai me dizer.
Quando o Arquiteto do Capitólio começou a entender as implicações do que estava vendo, todo o seu mundo pareceu oscilar precariamente à beira de um desastre.
Meu Deus... eu cometi um erro terrível, terrível!