Os equipamentos geradores de imagens térmicas haviam se tornado tão sensíveis às diferenças de temperatura que eram capazes de detectar não apenas a localização de uma pessoa... mas também onde ela esteve antes. A capacidade de ver o passado muitas vezes se revelava a maior vantagem de todas. E, naquela noite, mais uma vez, ela provava seu valor. O agente Simkins viu uma assinatura térmica em uma das mesas de leitura. As duas cadeiras de madeira surgira fosforescentes em seus óculos, num tom roxo-avermelhado, o que indicava que elas estavam mais quentes do que as outras cadeiras da sala. A lâmpada da luminária sobre a mesa brilhava em cor laranja. Era óbvio que os dois homens tinham se sentado ali, mas a pergunta agora era em que direção tinham fugido.
Ele encontrou a resposta no balcão central que rodeava o grande armário de madeira no centro da sala. A fantasmagórica impressão de uma palma de mão, reluzia em vermelho-vivo.
De arma em punho, Simkins avançou em direção ao móvel octogonal, correndo o laser pela superfície. Deu a volta até ver uma abertura na lateral do armário Não acredito que eles tenham se metido neste beco sem saída! O agente verificou o friso ao redor da abertura e viu ali outra marca brilhante de mão. Obviamente, pessoa havia segurado o batente da porta ao se enfiar dentro do armário.
A hora de ficar em silêncio havia terminado.
- Assinatura térmica! - gritou Simkins, apontando para a abertura. - Flancos, convergir!
Seus dois flancos avançaram de direções opostas, cercando com eficácia o armário octogonal.
Simkins avançou na direção da abertura. Embora ainda estivesse a três metros, já podia ver uma fonte de luz lá dentro.
- Há uma luz acesa no armário! - gritou, torcendo para que o som da sua voz convencesse o Sr. Bellamy e o Sr. Langdon a saírem lá de dentro com as mãos para cima.
Nada aconteceu.
Beleza, a gente faz do outro jeito.
À medida que se aproximava da abertura, Simkins pôde ouvir um zumbido inesperado emanando lá de dentro. Parecia um som de máquina. Ele se deteve, tentando imaginar o que poderia estar fazendo aquele barulho dentro de um espaço tão pequeno. Aproximou-se devagar, passando a ouvir vozes misturadas ao ruído mecânico. Então, no instante em que ele alcançou a abertura, as luzes lá dentro se apagaram.
Obrigado, pensou, ajustando os óculos de visão noturna. Vantagem nossa.
Parado junto ao limiar, ele espiou pela abertura. Ficou surpreso com o que viu lá dentro. Aquilo não era bem um armário, mas sim a entrada para um íngreme lance de escada que levava a um aposento logo abaixo. Mirando a arma para a saleta, o agente começou a descer os degraus. O zumbido ficava mais forte a cada passo.
Que raio de lugar é este?
O recinto abaixo da sala de leitura era um pequeno espaço de aspecto industrial. O ruído que o agente ouvia vinha de fato de uma máquina, embora ele não soubesse precisar se ela estava ligada porque Bellamy e Langdon a haviam acionado ou porque funcionava em tempo integral. De toda forma, aquilo obviamente não tinha importância. Os fugitivos tinham deixado suas reveladoras assinaturas térmicas na única saída dali: uma pesada porta de aço cujo teclado de acesso exibia quatro impressões digitais bem nítidas reluzindo sobre os números. Nesgas brilhantes de cor laranja irradiavam sob o batente da porta, indicando que as luzes do outro lado estavam acesas.
- Explodam esta porta - ordenou Simkins. - Eles fugiram por aqui.