Os olhos de Peter se encheram de terror.
- Você precisa acreditar em mim! Eu não sei o que quer!
- Se mentir para mim outra vez - disse ele, ainda apontando a arma para Katherine -, eu juro que acabo com ela. - Ele sorriu. - E, pelo que Zachary me disse, sua irmãzinha é mais preciosa para você do que todos os seus...
- O que está acontecendo aqui? - gritou a mãe de Katherine, marchando jardim de inverno adentro com a espingarda Browning Citori de Peter em punho e mirando-a bem no peito do homem. O intruso girou o corpo na sua direção e a enérgica mulher de 75 anos não perdeu tempo, disparando uma rajada ensurdecedora de chumbinho. O intruso cambaleou para trás, atirando a esmo em todas as direções ao varar as portas de vidro, deixando a pistola cair no chão.
Peter não titubeou, mergulhando imediatamente em direção à arma. Katherine estava caída no chão, e a Sra. Solomon correu até ela, ajoelhando-se ao seu lado.
- Meu Deus, você está ferida?
Katherine fez que não com a cabeça, muda de choque. Do lado de fora da porta estilhaçada, o homem mascarado tinha se levantado aos tropeços e agora corria em direção à mata, pressionando a lateral do corpo. Peter Solomon ainda olhou para trás para se certificar de que a mãe e a irmã estavam seguras e, ao ver que ambas estavam bem, empunhou a pistola e saiu correndo no encalço do intruso.
A mãe de Katherine segurou sua mão, tremendo.
- Graças a Deus você está bem. - Então, de repente, ela se afastou da filha. - Katherine? Você está sangrando! Isto é sangue! Você está ferida!
Katherine viu o sangue. Muito sangue. Ela estava coberta com ele. Mas não sentia dor nenhuma.
Frenética, sua mãe vasculhou o corpo de Katherine em busca de um ferimento.
- Onde é que está doendo?
- Não sei, mãe, eu não estou sentindo nada!
Foi então que Katherine viu a origem do sangue e ficou gelada.
- Mãe, não sou eu... - Ela apontou para a lateral da blusa de cetim da mãe, de onde o sangue escorria aos borbotões por um pequeno buraco. A mãe olhou para baixo, parecendo mais confusa do que qualquer outra coisa. Então fez uma careta, encolhendo-se como se a dor houvesse acabado de atingi-la.
- Katherine? - Sua voz estava calma, mas de repente carregava todo o peso de seus 75 anos. - Preciso que você chame uma ambulância.
Katherine correu até o telefone e ligou pedindo ajuda. Ao voltar para o jardim de inverno, encontrou a mãe deitada, imóvel, em meio a uma poça de sangue. Correu até ela, agachou-se e aninhou seu corpo em seus braços.
Katherine não saberia dizer quanto tempo se passou até escutar o tiro ao longe na mata. Finalmente, Peter entrou correndo no jardim de inverno, ainda com a arma na mão. Ao ver a irmã em prantos, segurando nos braços a mãe sem vida, seu rosto se contorceu de agonia. O grito que ecoou pelo jardim era um som que ela jamais iria esquecer.