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se dar ao trabalho de tirar as luvas. - Bem-vinda ao topo do
mundo.
- Obrigada - sorriu Rachel.
Estava surpresa de ver que Norah Mangor, apesar da dureza
de sua voz, tinha uma fisionomia simpática e até meio
travessa. Seus cabelos, com um corte desfiado, eram
castanhos com luzes grisalhas, e seus olhos eram
penetrantes e vivazes - dois cristais de gelo. Havia nela uma
confianca ferrenha de que Rachel gostava.
- Norah - disse Tolland -, você teria um tempinho para mostrar
o que está fazendo para Rachel?
A glaciologista levantou as sobrancelhas, ironica.
- Ora, ora, já estao íntimos assim? Corky sussurrou:
- Eu te avisei, Mike.
Norah Mangor andou com Rachel em torno da base da torre,
enquanto Tolland e os outros seguiam um pouco atrás,
conversando entre si.
- Está vendo esses buracos feitos no gelo sob o tripé? –
perguntou Norah, apontando. Seu tom de voz inicialmente frio
foi se suavizando à medida que falava de seu trabalho.
Rachel assentiu, olhando para baixo pelos furos no gelo.
Cada buraco tinha cerca de 30 centímetros de diametro e era
atravessado por um cabo de metal.
- Fizemos essas perfuracoes para obter amostras e tirar raios
X do meteorito. Depois resolvemos aproveitá-las como pontos
de entrada para descer alguns parafusos de anel resistentes
através dos pocos vazios e atarraxá-los no meteorito. Em
seguida descemos algumas centenas de metros de cabo
trancado por cada um dos furos, pescamos os anéis com
ganchos industriais e agora estamos apenas icando o
meteorito. Essas "damas" aí em volta estao levando várias
horas para traze-lo até a superfície, mas está chegando.
- Há uma coisa que nao entendo - disse Rachel. - O meteorito
está debaixo de milhares de toneladas de gelo. Como estao
fazendo para levantá-lo?
Norah apontou para o alto do andaime, onde havia um feixe
de luz vermelha brilhante descendo verticalmente na direccao
do gelo abaixo do tripé. Rachel já havia notado aquilo, mas