Na proteção de patrimônios históricos, uma grande questão que suscita discussões é a da necessidade ou não de destinar grande investimento para restaurar os patrimônios. A seguir, vamos à cidade de São Paulo, Brasil, para conhecer um projeto de restauração do patrimônio histórico Vila Itororó. Talvez nos mostre uma maneira diferente de lidar com a questão do patrimônio.
No bairro Bela Vista, centro da cidade, há um conjunto de casas com o nome Vila Itororó, construído entre 1922 e 1929 pelo comerciante português Francisco de Castro. A vila foi considerada um marco da transição de São Paulo de uma terra colonizada para uma cidade moderna. Porém, devido à falta de administração e manutenção, a vila se tornou um grande imóvel podre onde se vivem mais de 300 pessoas.
A Vila Itororó foi classificada nos anos 1980 como um patrimônio histórico da cidade, porém, entrou em degradação no ano 2000. Seis anos depois, os arquitetos Décio Tozzi e Benedito Lima de Toledo propuseram um plano de restauração da construção que não foi posto na prática. Até que, em 2014, a prefeitura de São Paulo iniciou o projeto de restauração com o orçamento de cerca de 50 milhões de reais.
A Vila Itororó é composta por um palacete e 37 casas e foi construída com materiais reaproveitados de edifícios demolidos, a maior parte dos quais foram adquiridas quando da demolição do antigo Teatro São José, que ficava no local onde hoje existe um shopping center. Na fase inicial do projeto de restauração, o trabalho principal é a pesquisa sobre esse patrimônio histórico.
Na opinião do arquiteto Benjamin, a Vila Itororó é uma amostra representativa da arquitetura de São Paulo do início do século 20. Para ele, a restauração de patrimônios é cheia de surpresas.
O processo de revitalização começou em 2014, com a limpeza e estabilização das construções da vila, e seguirá até 2018 com a restauração de casas e a criação de ateliês e alojamentos. A liberação final para uso será de acordo com a conclusão das intervenções em cada setor.
Agora, já foi estabelecido na Vila Itororó um centro cultural temporário e um centro de educação de patrimônios históricos, abertos periodicamente ao público, o que permite aos habitantes participarem da discussão sobre a restauração e até organizarem atividades culturais.
Segundo o plano da prefeitura de São Paulo, a Vila Itororó se transformará em um complexo cultural. Enfim, como proteger os patrimônios históricos de uma cidade? Talvez a resposta não seja somente a simples restauração ou reconstrução, mas ainda uma boa utilização.