Anderson se encolheu. Ele está brincando com fogo. Interromper o interrogatório de um alto funcionário da CIA era um erro que apenas um civil podia cometer. Pensei que esse Langdon fosse um cara esperto.
- Ouça com atenção - disse Inoue Sato. - Neste exato momento, enquanto estamos tendo esta conversa, este país está diante de uma crise. Fiquei sabendo que o senhor tem informações que podem me ajudar a evitá-la. Agora vou perguntar de novo. Que informações o senhor possui?
Langdon parecia perdido.
- Eu não tenho a menor idéia de que história é essa. Minha única preocupação é encontrar Peter e...
- A menor idéia? - indagou Sato em tom desafiador.
Anderson viu Langdon se eriçar. O professor então adotou um tom mais agressivo.
- Não, senhor. Não faço a mínima idéia.
Anderson se encolheu novamente. Errado. Errado. Errado. Robert Langdon havia acabado de cometer um erro muito grave ao lidar com Sato.
Infelizmente, Anderson percebeu que era tarde demais. Para seu espanto, Inoue Sato havia acabado de aparecer do outro lado da Rotunda, aproximando-se depressa por trás de Langdon. Sato está aqui no prédio! O chefe de polícia prendeu a respiração e se preparou para o impacto. Langdon não faz li menor idéia do que isso significa.
O vulto de Sato foi chegando mais perto, com o telefone colado ao ouvido, os olhos negros grudados como dois feixes de raio laser nas costas de Langdon.
Langdon apertou com força o telefone do chefe de polícia, sentindo-se cada vez mais frustrado à medida que Sato o pressionava.
- Sinto muito, senhor - disse ele, lacônico -, mas eu não sou capaz de ler os seus pensamentos. O que o senhor quer de mim?
- O que eu quero do senhor? - A voz rascante chiou no telefone de Langdon, áspera e cavernosa, como a de um moribundo com a garganta inflamada.
Enquanto o homem falava, Langdon sentiu alguém lhe cutucar o ombro. Deu meia-volta e seus olhos foram atraídos para baixo... parando bem no rosto de uma japonesa baixinha. A mulher tinha uma expressão feroz, a tez marcada, cabelos ralos, dentes manchados de nicotina e uma perturbadora cicatriz branca que cortava seu pescoço na horizontal. Sua mão encarquilhada segurava um celular junto à orelha e, quando seus lábios se moveram, Langdon escutou aquela mesma voz rascante sair do seu próprio celular.
- O que eu quero do senhor, professor? - Ela fechou o telefone com calma e o fuzilou com os olhos. - Para começar, poderia parar de me chamar de "senhor".
Langdon a encarou, morrendo de vergonha.
- Minha senhora, eu ... me desculpe. A nossa ligação estava ruim e...
- A nossa ligação estava perfeita, professor - disse ela. - E eu tenho uma tolerância extremamente baixa para desculpas esfarrapadas.