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Lentamente, conseguiu ficar de quatro, equilibrando-se sobre
o gelo escorregadio. Sua cabeca girava, enquanto ouvia o
mar batendo vigorosamente contra o iceberg. Tolland estava
deitado bem perto, olhando para ela, sem entender. Talvez
ele ache que estou me ajoelhando para rezar, pensou ela. O
que nao era verdade, lógico, ainda que rezar fosse
provavelmente um método tao eficaz para salvá-los quanto o
que ela iria tentar.
Com a mao direita, tacteou até achar a piqueta de gelo ainda
presa em seu cinto. Seus dedos enrijecidos agarraram o
cabo. Ela inverteu a piqueta, como um T invertido. Entao, com
toda a forca que lhe restava, bateu com a cabeca da
ferramenta contra o gelo. Tum. De novo. Tum. O sangue
parecia uma pasta gelada fluindo em suas veias. Tum.
Tolland olhou para ela, obviamente perplexo. Rachel bateu de
novo com a piqueta. Tum.
Ele tentou apoiar-se sobre o cotovelo.
- Ra... chel?
Ela nao respondeu. Precisava de toda a energia disponível.
Tum. Tum.
- Eu nao acredito... - disse Tolland - ...que um sinal tao ao
norte... possa ser captado pela SAA...
Rachel virou-se para ele, surpresa. Ela se esquecera de que
Mike era oceanógrafo e poderia ter compreendido o que ela
estava fazendo. Sim, a idéia é essa, mas nao estou tentando
me comunicar com a SAA.
Continuou batendo.
A SAA (Suboceanic Acoustic Array) era uma rede de 59
microfones submarinos espalhados pelo planeta. Relíquia da
Guerra Fria, a SAA vinha sendo usada nos últimos tempos
por oceanógrafos do mundo inteiro para ouvir as baleias.
Como os sons se propagavam por centenas de quilometros
sob a água, a rede era capaz de captar sinais numa enorme
área em todos os oceanos. Infelizmente, aquele sector remoto
do ártico nao estava dentro da área de cobertura, mas Rachel
sabia que outros dispositivos estariam monitorando os sons
no fundo dos oceanos, sistemas cuja existência era conhecida
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