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Corky também voava acima da primeira elevacao. Naquele
momento, todos os três estavam no ar, o balao subindo
ferrenhamente, como um animal selvagem tentando romper
as correntes que o aprisionam.
De repente, um forte estalo, como um tiro, ecoou acima deles.
A corda esfiapada finalmente se rompeu e o pedaco rasgado
bateu no rosto de Rachel. No mesmo instante comecaram a
cair. Acima deles, o balao de Mylar, solto, ziguezagueava sem
controle em direccao ao mar.
Envoltos num emaranhado de mosquetoes e boldriés, Rachel
e Tolland caíram. Rachel viu de relance o cume da segunda
barragem aproximando-se e preparou-se para o choque.
Passando perto do topo, caíram do outro lado, com o impacto
parcialmente reduzido por suas roupas e pelo contorno de
descida do terreno. O mundo em volta de Rachel girava,
numa confusao de bracos e pernas e gelo, enquanto ela
descia a inclinacao a toda a velocidade em direccao ao canal
central.
Instintivamente, ela afastou os bracos e as pernas, tentando
diminuir sua velocidade antes de chegar à próxima elevacao.
Notou que estava escorregando um pouco mais devagar, mas
só um pouco, e, numa questao de segundos, ela e Tolland
comecaram a subir a rampa da última barragem. No topo,
ficaram suspensos no ar por um instante enquanto passavam
para o outro lado. Em panico, Rachel sentiu que comecavam
sua descida mortífera rumo ao plato final - os últimos 25
metros da geleira Mune.
Escorregaram em direccao ao penhasco, sentindo o peso de
Corky sendo arrastado pela corda. A velocidade estava
diminuindo, mas nao o suficiente para pará-los. Era tarde
demais. O final da geleira estava se aproximando velozmente,
e Rachel soltou um grito de desespero.
Logo depois o inevitável aconteceu.
A borda do gelo escorregou por baixo deles. A última
lembranca de Rachel foi a sensacao da queda.
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