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- Já ouvi os argumentos contra a privatizacao do espaco –
respondeu Gabrielle - e entendo sua preocupacao com o
assunto.
- Entende mesmo? - Tench inclinou-se, chegando mais perto.
- E quais foram esses argumentos que você ouviu?
Gabrielle mexeu-se, intimidada.
- Ouvi as tradicionais reclamacoes dos acadêmicos. Eles
temem que, se privatizarmos a NASA, nossas actuais
pesquisas para obter conhecimento sobre o espaco sejam
rapidamente substituídas por empreitadas mais lucrativas.
- Com certeza. As ciências ligadas ao espaco iriam morrer em
pouquíssimo tempo. Em vez de gastar dinheiro explorando
nosso universo, as companhias aeroespaciais iriam buscar
formas de minerar asteróides, construir hotéis no espaco e
oferecer servicos comerciais de lancamento de satélites.
Afinal, por que empresas privadas se preocupariam com o
estudo das origens de nosso universo quando isso iria custar-
lhes bilhoes e nao traria qualquer retorno financeiro?
- Provavelmente abandonariam as pesquisas, de facto. Mas
certamente poderíamos criar um Fundo Nacional para as
Ciências do Espaco, a fim de custear as missoes acadêmicas,
nao?
- Ah. Já temos isso. Chama-se NASA. Gabrielle ficou em
silêncio.
- Abandonar a ciência em busca de lucros nao é a questao
central. Na verdade, isso é quase irrelevante quando
comparado ao completo caos que iria resultar da permissao
para que o sector privado actuasse livremente no espaco.
Teríamos uma nova corrida do ouro, um outro "Velho Oeste",
com pioneiros reivindicando posses na Lua e em asteróides,
assim como o direito de proteger suas posses por meio da
forca. Já soube de pedidos de companhias que pretendem
construir outdoors em néon para piscar anúncios no céu à
noite. Também soube de pedidos para hotéis no espaco e
atraccoes turísticas cujos planos de implementacao envolvem
ejectar o lixo gerado no vazio do espaco, criando depósitos de
lixo em órbita. Na verdade, ontem mesmo eu li uma proposta
de uma companhia que deseja transformar uma parte do
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