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Scripps, deixou de lado o documentário da NBC e concentrou
sua energia e seu amor para ajudar Célia a se restabelecer.
Ela lutou bravamente, suportando as dores com uma graca
que só fazia aumentar o amor que o marido sentia por ela.
Michael tracava planos para quando ela melhorasse. Mas nao
era isso que o destino lhes reservava. Sete meses depois, ele
se viu sentado ao lado da mulher, já em estado terminal,
numa enfermaria sombria de hospital. Já nem reconhecia
mais seu rosto. A brutalidade do cancer só encontrava
paralelo na brutalidade da quimioterapia. Sobrara apenas um
corpo devastado. As horas finais foram as piores.
Célia morreu num domingo de céu azul em junho. Tolland
sentiu-se como um navio arrancado de suas amarras e jogado
sem rumo num mar tempestuoso, seu compasso destruído.
Passou semanas completamente fora de controle. Os amigos
tentaram ajudar, mas ele nao podia aceitar que sentissem
pena dele.
Preciso tomar uma decisao, ele finalmente se conscientizou.
Trabalhar ou morrer.
Obstinadamente, lancou-se de volta ao trabalho. O programa
Maravilhas dos mares literalmente salvou sua vida. Nos
quatro anos que se seguiram, o documentário se tornou um
sucesso. Apesar dos esforcos bem-intencionados dos amigos,
Tolland nao conseguia iniciar nenhum novo relacionamento.
Todos os encontros com mulheres terminavam em decepcao
mútua ou em completo fracasso, até que ele finalmente
desistiu e culpou suas constantes viagens por seu isolamento.
Seus melhores amigos, porém, sabiam que no fundo Michael
ainda nao estava pronto.
Sem perceber, Tolland havia caminhado até chegar perto do
poco de extraccao do meteorito. De repente, algo chamou sua
atencao, tirando-o de seus devaneios. Ele afastou sua mente
dos antigos fantasmas e aproximou-se do buraco. Sob o
domo escurecido, a água do poco tinha adquirido uma beleza
mágica, quase surreal. A superfície estava reluzindo como se
fosse um lago enluarado. O olhar de Tolland foi atraído por
pequenos fios de luz na camada superior da água, como se
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