O visitante fez uma careta de dor.
- Desculpe.
- Tudo bem - disse o homem. - Hoje em dia todo o cuidado é pouco.
- Não é? - Nuñez estava gostando daquele cara. Estranhamente, isso contava muito ali. O instinto humano era a primeira linha defensiva dos Estados Unidos contra o terrorismo. Estava provado que a intuição humana detectava o perigo com mais eficácia do que todos os equipamentos eletrônicos do mundo - o dom do medo, como dizia um de seus livros-texto sobre segurança.
Naquele caso, os instintos de Nuñez não percebiam nada que lhe causasse medo. A única coisa estranha que ele percebeu, agora que os dois estavam muito próximos, era que aquele cara com pinta de durão parecia ter aplicado no rosto algum tipo de autobronzeador ou corretivo. Cada louco com a sua mania. Todo mundo detesta ficar branco no inverno.
- Liberado - disse Nuñez, concluindo a verificação e guardando o detector.
- Obrigado. - O homem começou a recolher seus pertences da bandeja.
Enquanto ele fazia isso, Nuñez reparou que os dois dedos que emergiam das ataduras exibiam cada qual uma tatuagem: a ponta do indicador tinha a imagem de uma coroa e a do polegar, a de uma estrela. Parece que todo mundo tem tatuagem hoje em dia, pensou Nuñez, embora a ponta do dedo parecesse um lugar dolorido para se tatuar.
- Doeu fazer essas tatuagens?