O homem baixou os olhos para as pontas dos próprios dedos e deu uma risadinha.
- Menos do que o senhor imagina.
- Que sorte - comentou Nuñez. - A minha doeu para caramba. Fiz uma sereia nas costas quando estava no campo de treinamento.
- Uma sereia? - O careca sorriu.
- É - respondeu o guarda, sentindo-se acanhado. - Erros da juventude.
- Sei como é - disse o careca. - Eu também cometi uma grande tolice na juventude. Agora acordo com ela todo dia de manhã.
Ambos riram enquanto o homem se afastava.
Brincadeira de criança, pensou Mal'akh enquanto passava por Nuñez e subia a escada rolante em direção ao prédio do Capitólio. Entrar tinha sido mais fácil do que ele previra. A postura corcunda e a falsa barriga acolchoada haviam ocultado a verdadeira forma física de Mal'akh, enquanto a maquiagem no rosto e nas mãos escondera as tatuagens que lhe cobriam o corpo. O golpe de mestre, porém, tinha sido a tipóia, que disfarçava o poderoso objeto que Mal'akh estava levando para dentro do prédio. Um presente para o único homem do mundo capaz de me ajudar a obter o que procuro.