- Parece que a Primavera chegou, finalmente! -exclamou o Gigante, saltando da cama e olhando para o jardim.E que viu ele?Viu um espectáculo deslumbrante. Por um buraco pequeno no muro, as crianças tinham passado para o jardim e estavam empoleiradas nos ramos das árvores. Havia uma criança em cada árvore. E as árvores ficaram tão contentes com o regresso da pequenada que de novo se cobriram de flores e agitavam suavemente os ramos sobre as suas cabecitas. As aves esvoaçavam e chilreavam alegremente, as flores, por entre a relva, espreitavam e riam. Era um espectáculo encantador e só num recanto do jardim permanecia ainda o Inverno. Ali estava um miúdo tão pequeno que não conseguia trepar à árvore e andava de um lado para o outro, chorando amargamente. A pobre árvore continuava cheia de neve e geada; por cima dela ainda soprava e rugia o Vento Norte.
Uma bela manhã, estava o Gigante ainda deitado, mas já desperto, quando ouviu uma música encantadora. Soava tão docemente aos seus ouvidos que supôs serem os músicos do rei que passavam. Na realidade, era apenas um pintarroxo que lhe cantava à janela; mas havia já tanto tempo que não ouvia o canto dos pássaros no seu jardim que aquilo lhe pareceu a música mais bela do mundo. Então o Granizo deixou de rufar-lhe nos telhados, o Vento Norte deixou de rugir e chegou-lhe, pela janela aberta, um perfume delicioso.