Em março de 2011, o primeiro trem de carga operado entre a China e a Europa chegou a Duisburg, na Alemanha. Nos seis anos seguintes, cada vez mais cidades chinesas abriram serviços de trens de carga rumo à Europa, de modo a encurtar a distância entre os dois continentes. Segundo os dados mais recentes publicados pela Companhia Geral de Ferrovias da China, em 2016, 1.702 trens operaram entre a China e a Europa, 109% a mais que no ano anterior. Daniel Thomas, de 28 anos, funcionário da Estação de Cargas DIT em Duisburg, testemunhou as mudanças do serviço de trens.
"Há seis anos, o primeiro trem partiu da China e chegou a Duisburg. Hoje, semanalmente, são 20 trens de carga do trecho China-Europa que param na Estação DIT. Doze deles param na ida, e os outros oito, na volta. E os tipos de mercadorias de carga também se diversificaram. Sem dúvida, os trens provenientes da China contribuíram para aumentar o movimento na estação. Acho que o desenvolvimento será ainda maior no futuro."
Hoje, existe uma grande variedade de serviço de trens de carga entre a China e a Europa. Cidades chinesas como Zhengzhou, Wuhan, Suzhou, Yiwu, Chengdu e Chongqing se tornaram pontos de partida do transporte. Para avaliar o nível de conectividade com o exterior de uma cidade, é importante observar se a cidade tem os serviços ferroviários de carga para a Europa. O gerente de negócios da Companhia Luqiao Yuandong na Alemanha, Shan Jing, disse que os trens de carga China-Europa haviam integrado no sistema de transporte internacional no local. A Luqiao Yuandong é uma instituição encarregada pelo transporte de trens na Europa.
"No início, a fonte de mercadorias não era estável. Os serviços não eram fixos, semanais, como hoje. Naquele período, o horário dos trens também não era fixo. Inicialmente, os serviços de transporte eram simples. Só ligavam uma cidade a outra cidade ou uma estação a outra estação. Hoje, esses trens que partem da China já se integraram ao sistema de transporte ferroviário europeu e formaram a sua própria rede, concretizando a conexão entre a Ásia e a Europa."
No dia 18 de janeiro deste ano, o primeiro trem partiu de Yiwu, província de Zhejiang, e depois de 18 dias, chegou a Londres, no Reino Unido. Apenas três meses depois, embora o primeiro trem de volta de Londres a Yiwu ainda estivesse na fase de teste, todos os contâineres no trem já haviam sido reservados, até que a reserva teve de ser feita com antecedência de duas semanas, relembrou o responsável do escritório deste trem na Alemanha, Tufan Khalaji.
"O trem é novo. A linha é nova. Sentimos um grande interesse dos clientes. Embora o trem de volta ainda estivesse na fase de teste, recebemos muitas encomendas. O trem quase ficou lotado. A maior parte é de bens de consumo fabricados pela Europa, como artigos para mães e bebês, leite em pó e vinho, entre outros. Estes produtos não vêm só de Londres, mas de todo o Reino Unido, incluindo a Irlanda e a Escócia. Recentemente, o transporte marítimo estava abarrotado. Lembro sempre os clientes para reservar com antecedência."
Nos últimos anos, com o aumento da estabilidade, segurança e prestígio dos serviços de trem de carga entre a China e a Europa, esse modo de transporte foi aceito pelos clientes europeus. Todos os dias, a Companhia Luqiao Yuandong, uma das transportadoras, recebe inúmeras consultas de clientes de diferentes países, conta Shan Jing.
"As demandas dos clientes para os serviços de trem de cargas estão cada vez mais ricas. Além dos produtos eletrônicos e instrumentos de precisão de alto valor, recebemos também demandas por contêineres refrigerados. Alguns produtos, como o vinho, precisam ser mantidos em temperatura adequada. A cidade de Duisburg fica no centro da Europa. Temos muitos clientes, não só da Alemanha, mas também da Holanda, Bélgica, França e do Leste Europeu."
Ao falar sobre a iniciativa de Um Cinturão e Uma Rota, o responsável do escritório do trem Yiwu-Europa na Alemanha, Tufan Khalaji, disse que a China formulou esta grande iniciativa, mas a sua implementação não pode depender apenas dos esforços chineses. Todos os países ao longo da rota, segundo ele, devem mostrar uma atitude mais positiva, especialmente na construção das infraestruturas. Khalaji afirma que só a participação conjunta possibilitará a implementação da proposta.
"Os nossos trens de carga despendem muito tempo quando passam pela fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia, porque a infraestrutura da Polônia é incapaz de suportar uma quantidade tão grande de cargas. Os serviços de trens de cargas entre a China e a Europa já atingiram um crescimento de 100%, isso exige melhoria da infraestrutura. A China não pode resolver todos os problemas sozinha. A iniciativa de Um Cinturão e Uma Rota aponta uma direção. Na sequência, é preciso da participação de todos os países para dar o primeiro passo."