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Sexton comecou a contar de novo. Um... O telefone comecou
a tocar. Ele ignorou-o, deixando a máquina atender. Era outro
repórter.
Agarrado à sua garrafa de Courvoisier, Sexton foi andando
até à porta corredica de sua varanda. Abriu-a e saiu para
sentir o ar frio da noite. Apoiado no parapeito, olhou para fora,
para a cidade, até chegar à fachada iluminada da Casa
Branca ao longe. As luzes pareciam piscar alegremente ao
vento.
Canalhas, pensou. Durante séculos estiveram procurando
provas de que há vida no espaco. Tinham que encontrar essa
droga justo no ano da minha eleicao? Aquilo nao era
coincidência, só podia ser uma profecia!
Em todas as janelas, até onde o senador podia ver, as
televisoes estavam ligadas. Pensou onde Gabrielle estaria
naquela noite. Era tudo culpa dela. Ela o havia informado
sobre cada uma das falhas da NASA.
Levantou a garrafa para dar mais um gole.
Maldita Gabrielle, é por culpa dela que estou nesta situacao.
Do outro lado da cidade, em meio ao caos da redaccao da
ABC, Gabrielle Ashe sentia-se desligada do mundo. O
pronunciamento do presidente tinha surgido do nada,
deixando-a sem accao, num estado quase catatonico. Apenas
ficou onde estava, de pé, imóvel no centro daquela agitacao,
o olhar fixo num dos monitores de televisao enquanto um
pandemonio se desenrolava à sua volta. Nos instantes iniciais
do discurso de Herney o salao tinha ficado em completo
silêncio. A tranquilidade durou pouco, antes que o local
irrompesse em um delírio ensurdecedor de repórteres
correndo por todos os lados. Eram profissionais e nao tinham
tempo para reflexoes pessoais. Poderiam refletir com calma
depois de terminar o trabalho. Naquele exacto momento, o
mundo queria mais informacoes e a ABC tinha que fornecer o
conteúdo. Aquele evento reunia muitos elementos de
interesse público: ciência, história, o cenário político. Era um
grande filao. Ninguém ligado à imprensa ou a qualquer
veículo de comunicacao iria dormir naquela noite.
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