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CAPíTULO 64
Gabrielle Ashe estava quase correndo ao entrar no
departamento de jornalismo da ABC News, no terceiro andar.
Mesmo assim, seu ritmo era mais lento do que o de todas as
pessoas lá dentro. A redaccao era um frenesin 24 horas por
dia, mas naquele momento o conjunto de cubículos na frente
dela parecia uma versao acelerada da bolsa de valores.
Editores de olhos esbugalhados gritavam uns com os outros
por cima de suas divisórias; repórteres corriam de um lado
para o outro, sacudindo faxes e comparando suas
informacoes, e estagiários frenéticos comiam barras de
cereais e tomavam bebidas energéticas entre suas tarefas.
Gabrielle tinha vindo falar com Yolanda Cole.
Em geral Yolanda estaria num dos aquários da redaccao - os
escritórios privados com paredes de vidro reservados aos
executivos que precisavam de algum silêncio para pensar.
Naquela noite, contudo, ela estava junto com o resto da plebe,
no meio da confusao. Quando viu Gabrielle, soltou seu
tradicional grito histérico.
- Gabi! -Yolanda estava usando um xale com estampa indiana
e óculos com armacao de tartaruga. Como sempre, estava
coberta de jóias extravagantes. Ela caminhou na direccao de
Gabrielle, acenando. - E o meu abraco?
Yolanda Cole estava há 16 anos em Washington trabalhando
como editora de conteúdo para a ABC News. Polonesa, de
rosto sardento, ela era baixinha, gorducha e tinha cabelos
ralos. Todos a chamavam acfetuosamente de "Mae". Seu jeito
matronal e bem-humorado disfarcava uma certa frieza para
desencavar os factos adquirida com os anos de práctica.
Gabrielle conheceu Yolanda num seminário sobre mulheres
na política de que havia participado logo depois de chegar a
Washington.
Tinham conversado sobre a experiência prévia de Gabrielle,
os desafios de ser mulher no distrito federal e, finalmente,
sobre uma paixao em comum: Elvis Presley. A editora
colocara Gabrielle sob sua tutela, ajudando-a a fazer
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