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CAPíTULO 59
Michael Tolland já havia passado tempo suficiente no mar
para saber que o oceano matava sem remorsos nem
hesitacao. Estava deitado, exausto, sobre o iceberg e mal
podia ver o contorno fantasmagórico da imponente plataforma
Mune se afastando cada vez mais. Sabia que a forte corrente
do ártico, formada nas ilhas Elizabeth, criava uma imensa
espiral em torno da calota de gelo polar para mais tarde se
aproximar novamente da costa no norte da Rússia. Nao que
importasse muito, já que isso levaria meses.
Temos cerca de 30 minutos, no máximo 45.
Sem o isolamento protector de seus macacoes preenchidos
com gel, já estariam mortos. Felizmente, com os Mark IX, os
três se mantiveram secos, o factor mais crítico para a
sobrevivência em baixas temperaturas. O gel térmico ao redor
de seus corpos nao só havia amortecido a queda, mas
também os ajudava a conservar qualquer resto de calor ainda
existente.
Em breve o processo de hipotermia iria comecar. No início
seria apenas uma ligeira dormência nos bracos e pernas, à
medida que o sangue se retraísse para o centro do corpo a
fim de proteger os órgaos vitais.
Depois viriam as alucinacoes, quando o pulso e a respiracao
se reduzissem, retirando oxigênio do cérebro. Por último, o
corpo faria um esforco final para reter o que restasse de calor,
desactivando tudo, excepto o coracao e a respiracao.
Ficariam inconscientes a partir desse ponto. No final, até
mesmo os centros nervosos responsáveis pela respiracao e
pelo coracao iriam parar de funcionar completamente.
Tolland virou-se para Rachel, desejando que pudesse ao
menos fazer algo por ela.
A dormência que se espalhava pelo corpo de Rachel era
menos dolorosa do que ela teria imaginado. Quase que uma
anestesia bem-vinda. Morfina natural. Ela havia perdido seus
óculos protectores quando o gelo se partiu e mal podia abrir
os olhos naquele frio.
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