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CAPíTULO 33
Aproveitando a escuridao o paleontologista Wailee Ming
estava sentado, sozinho em sua estacao de trabalho, tomado
por pensamentos. Sentia-se electrizado imaginando o evento
daquela noite. Em breve serei o paleontologista mais famoso
do mundo. Esperava que Michael Tolland tivesse sido
generoso com ele, dando bastante destaque às suas
declaracoes no documentário. Enquanto se deleitava com a
fama iminente, uma leve vibracao fez estremecer o gelo sob
seus pés, fazendo com que desse um pulo da cadeira. Como
morador de Los Angeles, área sempre propensa a tremores e
terramotos, ele tinha instintos agucados em relacao ao
assunto, sendo hipersensível até mesmo aos menores
movimentos do chao. Naquele momento, contudo, Ming
sentiu-se meio tolo pensando que a vibracao era
perfeitamente normal. é apenas a geleira se fragmentando,
pensou, soltando um suspiro. Ele ainda nao tinha se
acostumado com aquilo. De tantas em tantas horas, uma
explosao distante retumbava pela noite, enquanto em algum
lugar da costa da geleira um enorme bloco rachava e caía no
mar. Norah Mangor tinha uma maneira poética de encarar
aquilo. Bebês-iceberg nascendo...
Ainda de pé, Ming esticou os bracos. Olhou em volta da
habisfera e viu, ao longe, uma celebracao em andamento sob
as luzes fulgurantes da televisao. Como nao gostava muito de
festas, resolveu caminhar na direccao oposta.
O labirinto deserto de estacoes de trabalho se parecia agora
com uma cidade-fantasma, e todo o domo tinha um ar quase
sepulcral. Um vento frio soprava pelo salao, e Ming abotoou
seu sobretudo de la de camelo. Mais à frente viu o poco de
extraccao, o ponto do qual o mais magnífico de todos os
fósseis da história havia sido retirado. O gigantesco tripé de
metal já tinha sido desmontado e a poca d'água permanecia
ali, solitária, cercada pelos cones, como uma espécie de
buraco no asfalto em um vasto estacionamento de gelo. Ming
dirigiu-se para o fosso, mantendo uma distancia segura da
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