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CAPíTULO 25
Rachel sentia-se como se estivesse imersa numa névoa de
sonhos enquanto andava pela habisfera, acompanhada de
Tolland. Corky e Ming vinham logo atrás.
- Tudo bem? - perguntou Tolland, olhando para ela.
- Sim, obrigada. é que... é muita novidade ao mesmo tempo –
ela respondeu, com um sorriso confuso.
Sua mente retornou à vergonhosa descoberta da NASA em
1996 - ALH84001.
Um meteorito de Marte que a agência espacial dizia conter
tracos fossilizados de vida bacteriana. Infelizmente, poucas
semanas após a triunfal colectiva de imprensa, diversos
cientistas apresentaram evidências de que os "sinais de vida"
existentes na rocha nada mais eram que querogênio
produzido por contaminacao terrestre. A credibilidade da
NASA sofreu fortemente com aquele golpe.
Naquela mesma ocasiao, o paleobiólogo Stephen Jay Gould
resumiu os problemas referentes ao ALH84001 dizendo que
os indícios divulgados eram químicos e que haviam sido
estabelecidos por inferência, ao contrário de uma prova
material, como uma concha ou um osso, que nao
deixariam ambigüidade alguma.
No meteorito da geleira Milne, porém, Rachel viu que a NASA
havia encontrado provas irrefutáveis. Nenhum cientista, por
mais céptico que fosse, poderia pensar em questionar
aqueles fósseis. A agência nao estava mais tentando vender
uma idéia baseada em fotografias borradas e ampliadas de
supostas bactérias microscópicas. A NASA tinha agora
amostras reais de um meteorito no qual bioorganismos
visíveis a olho nu haviam sido aprisionados na pedra.
Isópodes com mais de 30 centímetros de comprimento!
Rachel deu uma risadinha ao se lembrar de que, quando era
jovem, adorava uma música de David Bowie que se referia a
"aranhas de Marte".
Quem diria que o pop star inglês chegaria tao perto de prever
o auge da astrobiologia.