Jim mostrou os dentes todos, n’um riso vivo:
--Não, patrão. Vamos a coisa melhor que marfim.
--Melhor que marfim!? Ouro?
--Melhor que ouro! Murmurou elle, arreganhando mais a dentuça.
Calei-me, porque não convinha á minha dignidade de patrão e de branco revelar curiosidade diante d’um Bechuana. Confesso, porém, que fiquei intrigado. D’ahi a pouco Jim acabou de cortar o tabaco. Mas por alli se quedou, rondando, coçando devagar os cotovêlos, á espera, com os olhos em mim. Não dei attenção.
--Ó patrão! Murmurou elle, n’uma ancia de desabafar.
Permaneci indifferente, por dignidade. Elle tornou:
--Ó patrão!
--Que é, homem?
--Vamos á procura de diamantes, patrão! Atirou-me elle ao ouvido.
--Diamantes!? Boa! Então ides para o lado opposto. Devieis metter direito ao sul, para as Diamanteiras.
O Bechuana baixou mais a voz:
--Ó patrão! Já ouviu fallar das serras de Suliman? Pois lá é que estão os diamantes. O patrão nunca ouviu?
--Tenho ouvido muita tolice na minha vida, Jim.
--Não é tolice, patrão. Eu conheci uma mulher que veio de lá, com um filho, e que vivia no Natal. Morreu ha annos, o filho por lá anda. E foi ella que me disse tudo. Ha lá diamantes!
--Olha, Jim, o que te digo é que teu amo vai dar de comer aos abutres, que andam por lá esfomeados. E tu, essa pouca carne que tens nos ossos, tambem vai d’aqui direitinha aos abutres!
O homem teve outro riso fino: