Tambem não hesitei. Foi logo, de golpe:
--Muitissimo obrigado, snr. Barão! Se tentassemos atravessar as cordilheiras de Suliman, ficavamos lá como os dois Silveiras. Eis a minha candida convicção. Ora ha em Londres um pobre rapaz que anda nos seus estudos, que é meu filho, e que me não tem senão a mim n’este mundo. E por elle, se não já por mim, não me convém por ora morrer. Em todo o caso agradeço a sua lembrança. É de amigo!
O barão voltou-se para o seu companheiro, com um ar profundamente desconsolado, e que quasi commovia n’aquelle homem tão robusto e tão nobre. O outro murmurou:--«É pena, grande pena!»
--Snr. Quartelmar! Exclamou então o barão. Quando eu me metto n’uma empreza, tudo sacrifico para a levar a cabo. Eu tenho fortuna, uma grande fortuna, e necessito do seu auxilio. O snr. Quartelmar póde portanto pedir-me o que quizer pelos seus serviços, já não digo dentro do razoavel, mas dentro do possivel. Além d’isso, apenas chegarmos a Durban, vamos a um tabellião, e eu obrigo-me por uma escriptura a continuar a educação de seu filho, no caso de lhe acontecer a si um desastre, ou a deixar-lhe uma independencia, no caso de eu estourar tambem. Vê que estou prompto a tudo. Ainda mais. Se por acaso descobrissemos os diamantes, metade d’elles ficariam pertencendo ao snr. Quartelmar, outra metade ao capitão John. É verdade que nenhum de nós acredita nos diamantes, e portanto esta vantagem conta como zero. Mas podemos applicar a mesma regra a ouro ou marfim, qualquer fazenda que encontrarmos. Finalmente escuso de dizer que todas as despezas da expedição correm por minha conta. Creio que não posso fazer mais.
Eu olhava para elle, deslumbrado:
--Barão, essa proposta é a mais generosa que tenho recebido na minha vida! Mas tambem, que diabo, a empreza seria a mais arriscada em que me tenho mettido... Preciso pensar. E antes de chegar a Durban eu lhe darei a resposta. Por hoje ficamos aqui.
--Ficamos aqui por hoje! Acudiu o capitão, erguendo-se, e respirando com allivio.