No posto de controle, um jovem guarda hispânico conversou com Langdon enquanto ele esvaziava os bolsos e retirava do pulso o relógio antigo.
- Mickey Mouse? - indagou o guarda, parecendo achar um pouco de graça.
Langdon assentiu, acostumado com aquele tipo de comentário. A edição de colecionador do relógio do Mickey tinha sido presente dos pais em seu aniversário de 9 anos.
- Uso este relógio para me lembrar de ter calma e levar a vida menos a sério.
- Acho que não está dando certo - comentou o guarda com um sorriso. - O senhor parece muito apressado.
Langdon sorriu e pôs a bolsa de viagem na esteira de raios X.
- Para que lado fica o Salão das Estátuas?
O guarda fez um gesto em direção às escadas rolantes.
- O senhor vai ver as placas.
- Obrigado. - Langdon pegou a bolsa da esteira e se afastou depressa.
Enquanto a escada rolante subia, ele respirou fundo e tentou organizar os pensamentos. Olhou para cima, através do teto de vidro salpicado de chuva, para a cúpula iluminada do Capitólio, cujo formato parecia o de uma montanha. Era uma construção espantosa. A pouco mais de 90 metros de altura do chão, a estátua Liberdade Armada fitava a escuridão enevoada como uma sentinela fantasmagórica. Langdon sempre achara irônico o fato de os trabalhadores que haviam erguido cada pedaço da estátua de bronze de seis metros até lá em cima terem sido escravos - um segredo do Capitólio que raramente constava do currículo das aulas de História do ensino médio.