Os veículos motorizados desempenham um importante papel na modernização e urbanização da China como meio de transporte prático e rápido. No entanto, os frequentes congestionamentos têm se tornado um problema cada vez maior no meio urbano, paralelamente ao desenvolvimento vigoroso da indústria automobilística e ao aprofundamento do impacto deste setor na vida da população. Muitas cidades chinesas têm se deparado com o mesmo problema.

"Nas horas de pico, sempre fico preso no trânsito. Todos os dias é assim."

"Antes, chegava ao local do meu trabalho em apenas 10 minutos, mas agora levo 40 minutos. O trânsito de Beijing realmente não tem jeito."

A senhora Wang e o senhor Jiang, ambos moradores de Beijing, capital chinesa, queixaram-se do trânsito da cidade para a nossa reportagem. Nos últimos anos, os engarrafamentos se tornaram "costumeiros" para os habitantes. Um dia, em meados de setembro do ano passado, um chuvisco na hora do rush paralisou o trânsito no centro da cidade por quase nove horas, transformando-o num enorme estacionamento de carros.

Congestionamentos não apenas gastam o tempo precioso dos cidadãos como também causam grandes perdas econômicas à cidade. Conforme uma pesquisa do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento Sustentável da Academia Chinesa de Ciências, os problemas de tráfego e sua administração provocam perdas de cerca de um bilhão de yuans diários a 15 cidades chinesas.

Como uma epidemia, o problema tem atingido dois terços das 667 cidades neste país. Ouça o que disse Chen, de Nantong, cidade com 7,6 milhões de habitantes.

"As ruas estão sempre congestionadas, especialmente no horário de pico de trabalho e de escola. Obviamente, há muito mais automóveis nas ruas do que há dois anos. O sistema de isenção da revisão anual de carros e a publicidade das fabricantes são provavelmente os motivos desta situação."

Segundo estimativas das autoridades de administração de trânsito, hoje a China possui 199 milhões de veículos motorizados em circulação, dentre os quais mais de 85 milhões são automóveis, número este que transformou o país asiático na segunda maior economia no mundo após os Estados Unidos.

Alguns especialistas afirmam que a falta de planejamento é um dos fatores que tem contribuído para o aumento desenfreado de carros nas cidades, o que conduz diretamente a congestionamentos. O presidente do Instituto de Investigação do Trânsito da Universidade Tsinghua, Lu Huapu, disse:

"O aumento de veículos motorizados e sua envergadura são sem precedentes em nosso país. No passado, não pensávamos na alegria que a cultura do automóvel podia nos trazer. Mas agora, todos a procuram logo que têm condições financeiras. Poucas pessoas levam em conta o sistema de trânsito, que é, de fato, frágil."

Para especialistas, a precariedade das infraestruturas dos meios coletivos e de instalações associadas aos serviços públicos é outro importante fator a ser considerado. É necessário buscar, entre a grande densidade populacional urbana e os recursos limitados de trânsito, o desenvolvimento dos meios coletivos, como sistema de metrô e sistema de trem ligeiro. Logo, a deficiência das infraestruturas do transporte público dificulta o deslocamento dos cidadãos e fazem com que mais pessoas saiam de carro, piorando o congestionamento nas ruas da cidade.

Por sua vez, alguns cidadãos indicaram ainda a falta de consciência cívica e má-direção de alguns motoristas como causadores de trânsito. O taxista Liu disse:

"Não respeitar as regras de trânsito, furar a fila, assim como vícios de condução de alguns motoristas também causam engarrafamentos."

O problema pede uma solução urgente e está na agenda de prioridades das autoridades. Por exemplo, o governo municipal de Beijing lançou em meados de dezembro de 2010, um pacote de soluções aberto para discussão do público, incluindo medidas de melhoria do planejamento urbano, reajuste das funções e população nas zonas centrais, aceleramento da construção de infraestruturas de trânsito e desenvolvimento dos serviços públicos.

O trânsito caótico da cidade é complexo e muitas cidades chinesas têm adotado suas próprias medidas que a princípio foram consideradas adequadas. Porém, elas estão à prova do tempo.