A Bolsa de Valores de Shanghai e a Bovespa, maior pregão da América Latina, assinaram nesta segunda-feira um Convênio de Cooperação Brasil-China. Isso permitirá a troca de informações técnicas e experiências, desenvolvimento conjunto de produtos de títulos e instalações de negócios, e a criação do mecanismo de troca de visitas de alto escalão.
Para o presidente do Instituto Internacional de Finanças de Shanghai (PCEC, sigla em inglês), Lu Hongjun, a cooperação reflete uma nova tendência do mercado de capitais e deve estreitar a relação entre a China e o Brasil nas áreas financeira e comercial.
Lu disse que esta consiste em uma cooperação entre diferentes fusos horários e é uma nova tendência que surgiu no mercado de capitais após a crise financeira. A colaboração entre Shanghai e São Paulo representa uma nova plataforma do mercado financeiro, sendo uma cooperação significativa. Além de serem países emergentes, Brasil e China também fazem parte do BRICS. Ele apontou que a assinatura do convênio reflete também o dinamismo de capitais do mundo emergente.
Apesar do conteúdo do acordo não abranger o processo de cross-listing, um representante brasileiro manifestou que o objetivo final é concretizar o cross-listing. Segundo ele, devido aos fusos, São Paulo tem maiores chances de atingir a meta junto aos mercados asiáticos do que os europeus.
Para a Bolsa de Shanghai, a assinatura do memorando é um passo para cooperações internacionais. Conforme o plano estratégico do pregão chinês, a Bolsa de Shanghai visa ser um centro de disposição de capitais global e de administração de riscos, além de possuir capacidade de realizar negociações 24 horas por dia.
Na opinião de Lu Hongjun, a cooperação ou fusão entre as bolsas de valores pode ser uma tendência futura. Sob o ponto de vista externo, a recuperação gradual da economia global fornece um ambiente favorável à integração dos segmentos. Sob o ponto de vista interno, a crescente pressão para a redução de custos, ampliação da plataforma de negociações e desenvolvimento de novos produtos derivados aumentou a demanda das diferentes bolsas para juntarem suas forças.
Já em meados deste mês, as Bolsas de Valores de Frankfurt e Euronext de Nova Iorque anunciaram a fusão das duas entidades, formando a maior plataforma transnacional de bolsas do mundo, que abrange Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda e Portugal. Antes disso, a Bolsa de Londres tem tentado adquirir a Bolsa de Toronto. A maior bolsa de valores do mundo, NASDAQ, e a CBOE (Chicago Board Options Exchange) também estavam buscando parcerias.
No entanto, o especialista chinês alertou que a nova tendência pode trazer novos desafios ao mercado financeiro mundial.
Lu destacou que no passado, as bolsas atuavam principalmente em negociações de papéis. Com as mudanças ocorridas no sistema financeiro, os produtos derivados passaram a ter maior destaque. Por isso, a fusão e a cooperação entre diferentes fusos indicam uma possível flutuação no mercado, seja de capitais, seja de futuros. Ele acrescentou que a incerteza por trás dessa onda de fusão é digna de atenção especial.
Para o especialista chinês, apesar de existir uma possibilidade muito pequena das bolsas chinesas participarem da fusão transnacional, a cooperação com a bolsa de São Paulo marca a entrada do segmento chinês no cenário mundial.