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Tolland, tenho ordens explícitas de conduzi-lo à cozinha,
solicitar ao nosso chef que prepare o que o senhor desejar e
pedir-lhe que me conte nos mínimos detalhes como se salvou
da morte certa ao... - a agente parou, lendo atentamente a
nota para ver se nao estava enganada - ...ao urinar sobre si
mesmo?
Aparentemente, aquela era a senha. Corky deixou de lado
suas muletas e, colocando um braco sobre os ombros da
moca para apoiar-se, disse:
- Vamos entao para a cozinha, querida!
A pobre agente teve que ajudar Corky a atravessar o corredor
mancando.
Rachel nao tinha dúvida de que ele estava muito feliz.
- Você sabe, a urina é a chave - ouviu-o dizer ao longe -,
porque aqueles desgracados, com seus lobos olfativos
telencefálicos superdesenvolvidos, podem sentir o cheiro de
qualquer coisa!
O Quarto de Lincoln estava às escuras quando Rachel entrou.
Ficou surpresa ao ver a cama vazia e arrumada. Michael
Tolland nao estava à vista.
Uma antiga lamparina a óleo estava acesa ao lado da cama e,
sob o brilho tênue, ela podia vislumbrar o tapete Brussels, a
famosa cama de jacarandá entalhada, o retrato da mulher de
Lincoln, Mary Todd, e a mesa onde Lincoln assinara a
Declaracao de Independência.
Rachel fechou a porta e sentiu um vento frio em suas pernas.
Onde ele está? Do outro lado do quarto, uma janela estava
aberta e as cortinas de organza branca eram agitadas pelo
vento. Foi caminhando até lá, para fechá-la. De repente, ouviu
um murmúrio fantasmagórico vindo do armário.
- Maaaaarrrrrrry... Ela se virou.
- Maaaaarrrrrrry... - sussurrou a voz novamente. - é você,
Mary Todd Liiiincoln? Rachel fechou a janela e se dirigiu para
o armário. Seu coracao batia forte, apesar de achar aquilo
uma tolice.
- Mike, eu sei que é você.
- Naoooooo... - prosseguiu a voz. - Nao sou o Mike... Sou
Abraham... Aaaaabe.
Dan_Brown_-_A_conspirao 573