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vez, Tolland compreendera o que os amigos tentavam lhe
dizer há anos: "Mike, você nao tem que passar o resto da vida
sozinho. Ainda pode encontrar outro amor."
Sentir a mao de Rachel junto à sua tornava toda aquela ironia
ainda mais difícil de aceitar. O destino sabia ser cruel. Em seu
coracao, os escudos de defesa se quebravam e se desfaziam.
Por um momento, naquele convés tao familiar do Goya, o
oceanógrafo sentiu o fantasma de Célia olhando por ele,
como muitas vezes fazia. Sua voz estava nos murmúrios
da água, repetindo as últimas palavras que dissera antes de
morrer: "Você é um sobrevivente. Prome-ta que irá encontrar
um novo amor."
Tolland respondera que jamais amaria outra pessoa, mas
agora percebia que Célia estava certa ao afirmar que ele
acabaria encontrando alguém.
Com Rachel, ele estava finalmente redescobrindo o amor.
Uma grande felicidade tomou conta dele.
E, com ela, veio um enorme desejo de viver.
Quando se dirigiu aos dois prisioneiros, Pickering sentiu uma
estranha tranquilidade. Parou diante de Rachel, surpreso que
aquilo nao lhe causasse nenhum arrependimento.
- Algumas vezes - disse - as circunstancias exigem decisoes
impossíveis. Rachel nao se abalou.
- Você criou essas circunstancias.
- A guerra sempre provoca baixas - Pickering endureceu o
tom de voz.
Pergunte a Diana ou a qualquer um dos que morrem a cada
ano defendendo esta nacao. - Você deveria saber disso,
Rachel. - Olhou-a de frente e concluiu: - lactura paucorum
serva muitos.
A agente se lembrava do lema, bastante usado pelo pessoal
da área de seguranca nacional: A sobrevivência de muitos
justifica o sacrifício de poucos. Rachel devolveu o olhar, mal
conseguindo acreditar naquela situacao.
- E agora eu e Michael nos tornamos parte dos "poucos" que
devem ser sacrificados?
Pickering sabia que nao havia outra saída. Virou-se para
Delta-Um e ordenou:
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