A história de A Tempestade se desenvolve no espaço de um dia, da manhã à meia-noite, e tem duas cenas centrais, na família Zhou e na família Lu. Além de destacar as relações complexas entre as personagens, o drama descreve os cantos de cigarras e rãs, fazendo uma analogia do som com calor e o ar sufocantes da véspera de uma tempestade. Ao mesmo tempo, a comparação realça as características psicológicas das personagens.
Confira um trecho do IV acto do drama a Tempestade
Fanyi (desesperada, assim que Zhou Puyuan desaparece): Estás então realmente decidido a partir.
Ping: sim.
Fanyi(num repente): Que esteve o teu Pai a dizer-te?
Ping (evasivo): Disse-me que eu devia acompanhá-la ao seu quarto e pedir-lhe que se deitasse.
Fanyi (com um sorriso sardónico): Eu pensava que ele ia mandar os criados arrastar-me escadas acima e fechar-me à chave!
Ping (fingindo que não compreende): Que diabo quer dizer com isso?
Fanyi (cuspindo as palavras): Não julgues que me enganas! Estou a par de tudo! (amargamente) Esteve a dizer-te que estou neurótica-louca. Sei muito bem que ele anda a ver se te convence disso. Anda a ver se convence toda a gente.
Ping (nervoso): Não, não. Não deve meter na cabeça essas ideias.
Fanyi (com uma careta): Tu também? Até tu tentas enganar-me? (lentamente) Posso ver isso nos vossos olhos. Tu e o teu pai são os dois iguais-ambos querem ver-me louca! Os dois murmuram nas minhas costas, riem-se de mim e tramam intrigas.
Ping (calmamente): Está a imaginar coisas. Acompanho-a até ao seu quarto.
Fanyi (com voz aguda): Não quero a tua ajuda! Sai de perto de mim! (desfalecida) Ainda não cheguei ao ponto de necessitar que o teu Pai, nas minhas costas, te peça que tenhas cuidado e acompanhes a lunática ao quarto!
Ping (contendo o desagrado e irritação): Se é assim, talvez me possa dar a carta, para que eu desapareça da sua vista.
Fanyi (espantada): Onde é que vais?
Ping (farto): Vou-me embora. Tenho algumas coisas para emalar.
Fanyi (subitamente fria e calma): Posso pergunta-te onde estiveste esta noite?
Ping (com animosidade): Não precisa de perguntar, sabe muito bem.
Fanyi (ameaçadora): Então, sempre a foste ver. (Pausa. Fanyi olha para Zhou Ping, enquanto este baixa os olhos)
Ping (terminante): Sim. Fui. (desafiando-a) E depois, que pensa fazer?
Fanyi (com desânimo): Nada. (forçando um sorriso) Foi errado da minha parte dizer o que disse esta tarde. Não deves pensar mal de mim por causa disso. Só há uma coisa que eu gostaria de saber: que vais fazer em relação a ela, depois de partires?
Ping: Depois de partir? (impulsivo) Caso-me com ela!
Fanyi: Casas-te com ela?
Ping: sim.
Fanyi: E o teu pai?
Ping (despreocupado): Tenho muito tempo para pensar nisso.
Fanyi (com um ar misterioso): Ping, dou-te uma oportunidade.
Ping (surpreendido): Ahn?
Fanyi (persuasiva): Se não te fores embora hoje, penso que posso ajudar-te a convencer o teu pai.
Ping: obrigado, mas não preciso. Este assunto é bastante claro, pelo menos na parte que me toca. Não me importa que se torne público.