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- O colo está se dilatando! - alguém gritou. - Novecentos
centímetros!
Uma risada tensa quebrou o silêncio.
- O.k., desliguem o laser.
Alguém accionou um controle e o feixe sumiu. Entao,
finalmente, chegou o momento que todos esperavam.
Como a chegada de um deus paleolítico, a enorme rocha
surgiu na superfície com um chiado de vapor. Em meio à
névoa, a forma colossal saiu do gelo. Os homens que
controlavam as manivelas fizeram mais forca, até que
finalmente toda a rocha se desprendeu dos últimos vestígios
de gelo e oscilou, quente e pingando, sobre um poco aberto
de água ainda agitada.
Rachel estava hipnotizada.
Suspenso pelos cabos, com sua superfície rugosa,
carbonizada e irregular brilhando sob as luzes halógenas, o
meteorito parecia uma ameixa seca e petrificada. A rocha era
lisa e arredondada em um dos cantos, aparentemente a parte
que fora desbastada pela friccao enquanto ela cruzava a
atmosfera.
Olhando para a crosta de fusao carbonizada, Rachel quase
podia ver o meteoro rasgando os céus em direccao à
superfície da Terra em uma furiosa bola de fogo. Inacreditável
pensar que isso havia sido há poucos séculos. Agora o
gigante capturado pendia ali, dos cabos de aco, a água ainda
escorrendo de sua superfície.
A cacada havia terminado.
Foi só naquele momento que Rachel realmente percebeu a
dramaticidade do evento. O objecto suspenso diante dela
viera de outro mundo, separado da Terra por milhoes de
quilómetros. E presa em seu interior havia a evidência - nao,
havia a prova de que o homem nao estava sozinho no
universo.
A euforia daquele momento pareceu tomar conta de todos ao
mesmo tempo, e o grupo ali reunido irrompeu em assobios e
aplausos. Até mesmo o administrador estava emocionado. Ele
dava tapinhas nas costas dos homens e mulheres da NASA,
congratulando-os. Olhando em volta, Rachel sentiu-se feliz