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- Sinto muito, mae - disse Rachel, ligando para casa do
aeroporto de O'Hare, completamente coberto de neve. - Sei
que nossa família nunca passou o Dia de Acao de Gracas
separada. Parece que esta vai ser a primeira vez.
Sua mae parecia arrasada, do outro lado da linha.
- Eu estava tao ansiosa para ver você novamente.
- Eu também, mae. Pense só, vou ter que comer essa comida
de aeroporto enquanto você e o pai se enchem de peru!
A mae ficou em silêncio por um instante.
- Rachel, eu só ia lhe contar quando você chegasse aqui, mas
seu pai falou que tinha trabalho demais e nao poderia vir para
casa este ano.
Ele vai ficar em sua suíte em Washington durante todo o
feriado.
- Como? - O sentimento inicial de surpresa logo deu lugar à
raiva. - Mas é o feriado de Accao de Gracas! O Senado nao
terá sessoes, e ele está a menos de duas horas daí. Ele tinha
que se encontrar com você.
- Eu sei. Mas seu pai disse que está exausto, cansado demais
até para dirigir. Decidiu passar o feriado debrucado sobre uma
pilha de trabalhos atrasados. Trabalho? Rachel tinha suas
dúvidas. Era mais provável que o senador Sexton fosse
passar o feriado debrucado sobre outra mulher. Suas
infidelidades, ainda que discretas, já duravam anos. Katherine
nao era tola, mas os casos do marido sempre vinham
acompanhados de álibis convincentes e de magoada
indignacao diante da mera sugestao de que ele poderia estar
sendo infiel. No final, a senhora Sexton só podia mesmo
esconder sua dor e se fingir de cega. Rachel havia insistido
para que a mae se divorciasse, mas Katherine era uma
mulher de palavra. "Até que a morte nos separe", ela havia
dito. "Seu pai me abencoou com você, uma linda filha, por
isso eu lhe sou grata. Um dia ele terá que responder por seus
atos perante uma forca maior."
Naquele momento, no aeroporto, Rachel fervia de raiva,
silenciosamente.
- Mas isso quer dizer que você estará sozinha durante o
feriado! – ela sentiu uma dor na boca do estomago.