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《小说失落的符号》O Símbolo Perdido 374
日期:2013-07-24 15:54  点击:156

 

Langdon aquiesceu, agora com o pensamento longe.

— Você está com uma cara engraçada — disse ela.

— É, sei lá. Por algum motivo, estava me lembrando de como eu costumava pegar um pequeno barco e ir até o meio do lago à noite, só para ficar deitado debaixo das estrelas pensando nesse tipo de coisa.

Ela assentiu, compreendendo.

— Acho que todos nós temos uma lembrança parecida. Ficar deitado olhando para o céu... isso de alguma forma abre a mente. — Ela ergueu os olhos para o teto e então falou: — Me dê seu paletó.

— O quê? — Ele tirou o paletó e o entregou a ela.

Katherine o dobrou duas vezes, estendendo-o no chão da galeria como um travesseiro comprido.

— Deite-se.

Langdon se deitou de costas e Katherine ajeitou a cabeça dele sobre metade do paletó dobrado. Então ela se deitou ao lado dele — duas crianças, com os ombros colados sobre aquela passarela estreita, olhando para o enorme afresco de Brumidi.

— Muito bem — sussurrou Katherine. — Procure entrar naquele mesmo estado de espírito.., uma criança deitada em um barco.., observando as estrelas... com a mente aberta e cheia de assombro.

Langdon tentou obedecer, embora, naquele instante, deitado e à vontade, uma súbita onda de exaustão tomasse conta de seu corpo. À medida que sua visão se embaçava, ele percebeu uma forma difusa lá em cima que o despertou na mesma hora. Será possível? Não conseguia acreditar que não tivesse percebido isso antes, mas os personagens de A Apoteose de Washington estavam obviamente posicionados em dois círculos concêntricos — um círculo dentro de um círculo. Será que a Apoteose também é um circumponto? Langdon se perguntou que outro detalhe deixara passar naquela noite.

— Tenho uma coisa importante para dizer a você, Robert. Existe outra peça que considero o aspecto mais espantoso da minha pesquisa.

Ainda tem mais?

Katherine se apoiou no cotovelo.

— E juro... se nós, seres humanos, formos capazes de apreender de forma honesta essa única verdade simples... o mundo vai mudar da noite para o dia.

Ela passou a ter toda a sua atenção.

— Para começar — disse ela —, eu deveria lembrá-lo dos mantras maçônicos que nos incitam a “reunir o que está disperso”, “criar ordem a partir do caos” e encontrar a “união”.

— Continue. — Langdon estava intrigado.

Katherine sorriu para ele.

— Nós provamos cientificamente que o poder do pensamento humano cresce exponencialmente em proporção à quantidade de mentes que compartilham um mesmo pensamento.

Langdon continuou em silêncio, perguntando-se aonde ela queria chegar com essa idéia.

— O que estou dizendo é o seguinte: duas cabeças pensam melhor do que uma, mas não são duas vezes melhor, e sim muitas vezes melhor. Várias mentes trabalhando em uníssono ampliam o efeito de um pensamento... de forma exponencial. É esse o poder inerente aos grupos de oração, aos círculos de cura, aos cantos coletivos e às devoções em massa. A idéia de uma consciência universal não é um conceito etéreo da Nova Era. É uma realidade científica palpável.., e dominar essa consciência tem o potencial de transformar o mundo. Essa é a descoberta fundamental da ciência noética. E o que é mais importante: isso está acontecendo agora. É possível sentir essa mudança à nossa volta. A tecnologia está nos conectando de formas que jamais imaginamos: veja o Twitter, o Google, a Wikipédia e tantas outras coisas.., tudo isso se une para criar uma rede de mentes interconectadas. — Ela riu. — E garanto a você: assim que eu publicar meu livro, todo mundo vai começar a postar no Twitter coisas do tipo “aprendendo sobre ciência noética”, e o interesse por essa disciplina vai explodir de forma exponencial.

As pálpebras de Langdon estavam incrivelmente pesadas.

— Sabe que até hoje eu não aprendi a mandar um twitter?

— Um tweet — corrigiu ela, rindo.

— Como?

— Deixe para lá. Feche os olhos. Eu acordo você quando chegar a hora.

Langdon percebeu que havia quase se esquecido da chave que o Arquiteto lhe dera... e do motivo que levara os dois a subirem até ali. Engolido por uma nova onda de exaustão, fechou os olhos.

Na escuridão de sua mente, se surpreendeu pensando na consciência universal... nos escritos de Platão sobre “a mente do mundo” e o “deus da união”... no “inconsciente coletivo” de Jung. O conceito era ao mesmo tempo simples e espantoso.

Deus está na união de Muitos... e não em Um só.

— Elohim — falou Langdon de repente, reabrindo os olhos ao perceber um vínculo inesperado.

— Como? — Katherine ainda o olhava de cima.

— Elohim — repetiu ele. — A palavra hebraica usada no Antigo Testamento para se referir a Deus! Ela sempre me intrigou.

Katherine abriu um sorriso de cumplicidade.

— Sim. A palavra está no plural.

Exatamente! Langdon nunca tinha entendido por que os primeiros trechos da Bíblia se referiam a Deus como um ser plural. Elohim. O Deus Todo-Poderoso do Gênesis era descrito não como Um... mas como Muitos.

— Deus é plural — sussurrou Katherine — porque as mentes dos homens são plurais.

Os pensamentos de Langdon estavam a mil... sonhos, lembranças, esperanças, medos, revelações... tudo rodopiava acima dele no domo da Rotunda. À medida que seus olhos começavam a se fechar novamente, ele se viu encarando três palavras em latim que faziam parte da Apoteose.

E PLURIBUS UNUM.

De muitos, um só, pensou, pegando no sono.


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