De repente, Langdon estava olhando para um p o sem fundo... uma escada em caracol infinita que mergulhava para as profundezas da Terra. Meu Deus!
Seus joelhos quase vergaram e ele se agarrou à grade em busca de apoio. Aquela era uma escadaria em espiral quadrada clássica, e ele pôde ver pelo menos 30 patamares para baixo até onde a luz da lanterna alcançava. Não consigo nem ver o fundo!
— Peter — gaguejou ele. — Que lugar é este?
— Daqui a pouco vou levar você até o pé da escada, mas antes preciso que veja outra coisa.
Estupefato demais para protestar, Langdon deixou Peter guiá-lo para longe da escadaria até o outro lado daquela câmara estranha e exígua. Peter manteve a lanterna apontada para o piso de pedra gasto sob seus pés, e Langdon não conseguiu ter uma noção clara do espaço à sua volta... percebeu apenas que ele era pequeno.
Um pequeno cubículo de pedra.
Os dois logo chegaram à parede oposta do recinto, na qual estava incrustado um retângulo de vidro. Langdon pensou que talvez fosse uma janela para uma segunda câmara, mas, de onde estava, só conseguia ver escuridão do outro lado.
— Vá em frente — disse Peter. — Dê uma olhada.
— O que há lá dentro? — Langdon se lembrou da Câmara de Reflexões sob o Capitólio e de como havia acreditado, por um instante, que ela pudesse conter um portal para alguma gigantesca caverna subterrânea.
— É só olhar, Robert. — Solomon o empurrou de leve para a frente. — E prepare-se, porque a visão vai deixá-lo chocado.
Sem ter a menor idéia do que esperar, Langdon andou em direção ao vidro. Quando chegou mais perto, Peter desligou a lanterna, mergulhando a pequena câmara na mais completa escuridão.
Enquanto seus olhos se adaptavam, Langdon tateou à sua frente, encontrando primeiro a parede e depois o vidro, seu rosto se aproximando do portal transparente.
Mas havia apenas trevas.
Ele chegou mais perto ainda... até encostar o rosto no vidro.
Então viu.
A onda de choque e desorientação que varou o corpo de Langdon virou de cabeça para baixo sua bússola interna. Ele quase caiu para trás enquanto sua mente se esforçava para aceitar aquela visão totalmente inesperada. Nem mesmo em seus sonhos mais loucos Robert Langdon teria sido capaz de adivinhar o que havia do outro lado daquele vidro.
A visão era gloriosa.
Ali, no escuro, uma luz branca muito forte reluzia como uma jóia cintilante.
Langdon então entendeu tudo — a cancela na rua de acesso... os vigias na entrada principal... a pesada porta de metal do lado de fora... as portas automáticas que abriam e fechavam com estardalhaço... o peso em seu estômago... a tontura que sentiu... e agora aquele pequeno cubículo de pedra.
— Robert — sussurrou Peter atrás dele —, às vezes basta uma mudança de perspectiva para se ver a luz.
Sem palavras, Langdon continuou a olhar pela janela. Seu olhar percorreu a escuridão da noite, atravessando quase dois quilômetros de espaço aberto, descendo mais... e mais... por entre as trevas... até pousar no domo todo branco e fortemente iluminado do Capitólio dos Estados Unidos.
Langdon nunca tinha visto o Capitólio daquele ângulo — a 170 metros de altura, no topo do grande obelisco egípcio dos Estados Unidos. Naquela noite, pela primeira vez na vida, ele havia tomado o elevador até o pequeno cubículo de observação.., bem no alto do Monumento a Washington.