Em uma agência que se gabava de ter mais de 500 obras de arte originais, aquela escultura — chamada Kryptos — era de longe a mais famosa. A obra do artista norte-americano James Sanborn, cujo título significa “oculto” em grego, se tornara uma espécie de lenda ali na CIA.
A peça consistia em um imenso painel de cobre que parecia um S deitado, como uma parede curva de metal. Gravadas na ampla superfície da escultura havia quase 2 mil letras... organizadas em um código incompreensível. Como se isso não fosse enigmático o bastante, diversos outros elementos esculturais tinham sido cuidadosamente posicionados na área ao redor da parede em S — placas de granito em ângulos esdrúxulos, uma rosa dos ventos, um pedaço de magnetita e até mesmo uma mensagem em código Morse fazendo referência a “memória lúcida” e “forças ocultas”. A maioria dos fãs acreditava que essas peças seriam pistas que revelariam como decifrar a escultura.
A Kryptos era uma obra de arte... mas era também um enigma.
Tentar desvendar aquele segredo cifrado se tornara uma obsessão para criptólogos dentro e fora da CIA. Por fim, alguns anos atrás, parte do código havia sido quebrada, e a notícia teve repercussão nacional. Embora o enigma da Kryptos como um todo ainda continuasse sem solução, as partes que tinham sido decodificadas eram tão bizarras que só tornavam a escultura ainda mais misteriosa. Elas aludiam a localizações subterrâneas secretas, portais que conduziam a tumbas antigas, longitudes e latitudes...
Nola ainda se lembrava de alguns trechos decifrados: A informação foi reunida e transmitida até uma localização subterrânea desconhecida... Era totalmente invisível... Como é possível?... Eles usaram o campo magnético da Terra...
Nola nunca prestara muita atenção na escultura nem dera bola para o fato de ela nunca ter sido decodificada por completo. Naquele momento, porém, queria respostas.
— Por que você está me mostrando a Kryptos?
Parrish deu um sorrisinho conspiratório e, com um gesto teatral, tirou do bolso uma folha de papel dobrada.
— Voilà! Aqui está o misterioso arquivo editado com o qual você estava tão preocupada. Eu acessei o texto integral.
Nola levou um susto.
— Você bisbilhotou a partição confidencial do diretor?
— Não. Era isso que eu estava tentando explicar. Dê uma olhada. — Ele lhe entregou o arquivo.
Nola pegou o papel e o desdobrou. Quando viu o cabeçalho-padrão da agência no topo da página, inclinou a cabeça, espantada.
Aquele documento não era confidencial. Não chegava nem perto disso.
FÓRUM DE DISCUSSÃO DE FUNCIONÁRIOS: KRYPTOS
ARMAZENAMENTO COMPACTADO: THREAD Nº 2456282.5
Nola se viu diante de uma série de posts que haviam sido compactados em uma só página para um armazenamento mais eficiente.
— Seu arquivo com as expressões-chave — disse Rick — não passa de um bate-papo de fissurados em criptografia a respeito do enigma da Kryptos.
Nola correu os olhos pelo documento até chegar a uma frase que continha uma conhecida seqüência de palavras-chave.
Jim, a escultura diz que a informação foi transmitida para uma localização SUBTERRÂNEA secreta onde foi escondida.
— Esse texto é do fórum on-line do diretor sobre a Kryptos — explicou Rick. — O fórum existe há anos. São literalmente milhares de posts. Não me espanta que um deles por acaso contenha todas as palavras-chave.
Nola continuou a correr os olhos pela folha até encontrar outro trecho contendo palavras-chave.
Apesar de Mark ter dito que as indicações de latitude e longitude apontam para algum lugar em WASHINGTON, DC., as coordenadas que ele usou estavam erradas por um grau — a Kryptos basicamente aponta de volta para si mesma.