O coração de Peter doía. Você não é Zachary, disse ele a si mesmo. Zachary morreu muito, muito tempo atrás. O que quer que você seja... e de onde quer que tenha saído... não foi de mim. E, embora Peter Solomon não acreditasse naquelas palavras, sabia que precisava fazer uma escolha.
Não havia mais tempo.
Encontre a Grande Escadaria!
Robert Langdon disparava por corredores escuros, serpenteando em direção ao centro do prédio. Turner Simkins seguia em seu encalço. Como Langdon esperava, os dois irromperam no átrio principal do templo.
Com oito colunas dóricas de granito verde, o átrio parecia um sepulcro híbrido — a um só tempo grego, romano e egípcio — com estátuas de mármore negro, lustres que lembravam piras ardentes, cruzes teutônicas, medalhões da fênix de duas cabeças e arandelas ornadas com a cabeça de Hermes.
Langdon se virou e correu em direção à grandiosa escadaria de mármore depois do átrio.
— Essa escada conduz diretamente à Sala do Templo — sussurrou ele enquanto os dois subiam os degraus o mais rápido e silenciosamente possível.
No primeiro patamar, Langdon se viu frente a frente com um busto de bronze do ilustre maçom Albert Pike, acompanhado por uma inscrição de sua mais famosa frase: O QUE FIZEMOS APENAS POR NÓS MESMOS MORRE CONOSCO. O QUE FIZEMOS PELOS OUTROS E PELO MUNDO PERMANECE E É IMORTAL.
Mal’akh havia percebido uma mudança palpável na atmosfera da Sala do Templo, como se toda a frustração e toda a dor de Peter Solomon tivessem vindo à tona... e se concentrado nele como um raio laser.
Sim... chegou a hora.
Peter Solomon tinha se levantado da cadeira de rodas e estava agora em pé diante do altar, segurando a faca.
— Salve Katherine — instigou Mal’akh, recuando de modo a atrair o pai para o altar e, depois, reclinando o próprio corpo sobre a mortalha branca que havia preparado. — Faça o que tem que fazer.
Como em um pesadelo, Peter se aproximou devagar.
Deitado de costas, Mal’akh ergueu os olhos para a lua de inverno visível através da clarabóia. O segredo é saber como morrer. Aquele instante não poderia ser mais perfeito. Adornado com a Palavra Perdida ancestral, eu me ofereço por meio da mão esquerda de meu pai. Mal’akh respirou fundo. Recebei-me, demônios, pois este é meu corpo que será entregue a vós.
Erguendo-se acima de Mal’akh, Peter Solomon tremia. Seus olhos banhados de lágrimas brilhavam com desespero, indecisão, angústia. Ele olhou uma última vez para o laptop conectado ao modem do outro lado da sala.
— Tome sua decisão — sussurrou Mal’akh. — Liberte-me da minha carne. Deus quer isso. Você quer isso. — Ele estendeu os braças do longo do corpo e arqueou o peito para a frente, oferecendo a magnífica fênix de duas cabeças em sacrifício. Ajude-me a me livrar do corpo que veste minha alma.