Peter Solomon sabia exatamente o que precisava fazer.
Ele respirou fundo e ergueu os olhos para a lua através da clarabóia do teto. Então começou a falar.
Todas as grandes verdades são simples.
Mal’akh havia aprendido isso muito tempo atrás.
A solução que Peter Solomon agora explicava era tão graciosa, tão pura, que Mal’akh tinha certeza de que só poderia ser verdadeira. Por incrível que parecesse, a resposta para o código final da pirâmide era muito mais simples do que ele jamais havia imaginado.
A Palavra Perdida estava bem diante dos meus olhos.
Em um instante, um raio de luz brilhante varou a névoa da história e do mito em torno da Palavra Perdida. Como prometido, ela estava de fato escrita em uma linguagem antiga e tinha poderes místicos em todas as filosofias, religiões e ciências conhecidas pelo homem. Da Francomaçonaria à Cabala, passando por alquimia, astrologia, cristianismo, budismo, rosa-cruzismo, astronomia, física, noética...
Em pé naquela câmara de iniciação no alto da grande pirâmide de Heredom, Mal’akh encarou o tesouro que passara todos aqueles anos buscando e soube que sua preparação não poderia ter sido mais perfeita.
Logo estarei completo.
A Palavra Perdida foi encontrada.
Em Kalorama Heights, um solitário agente da CIA estava parado em meio a um mar de lixo que havia despejado das latas encontradas na garagem.
— Sra. Kaye? — falou ele ao telefone com a analista de Sato. — Ótima idéia vasculhar este lixo. Acho que acabei de encontrar uma coisa.
Dentro da casa, Katherine Solomon se sentia mais forte a cada segundo que passava. A solução de Ringer com lactato havia conseguido aumentar sua pressão sanguínea e aliviar a dor de cabeça que a atormentava. Ela agora descansava sentada na sala de jantar, com instruções explícitas para ficar quieta. Tinha os nervos em frangalhos e estava cada vez mais ansiosa por notícias do irmão.
Onde está todo mundo? A equipe de criminalística da CIA ainda não tinha chegado, e o agente que ficara com eles estava terminando de revistar a casa. Bellamy antes estava sentado junto dela na sala de jantar, enrolado em um cobertor, mas depois também saíra em busca de qualquer informação que pudesse ajudar a salvar Peter.
Incapaz de ficar sem fazer nada, Katherine se levantou, cambaleou um pouco e foi bem devagar até a sala de estar. Encontrou Bellamy no escritório. O Arquiteto estava parado diante de uma gaveta aberta, de costas para ela, aparentemente entretido demais com o que havia encontrado para ouvi-la entrar.
Ela chegou por trás dele.
— Warren?
O homem de idade se sobressaltou e girou o corpo, fechando rapidamente a gaveta com o quadril. Seu rosto estava repleto de choque e tristeza e suas bochechas, riscadas de lágrimas.
— O que houve? — Ela relanceou os olhos para a gaveta. — O que foi?
Bellamy parecia não conseguir falar. Tinha o aspecto de um homem que acabara de ver algo que desejava profundamente não ter visto.
— O que tem dentro dessa gaveta? — perguntou ela.
Os olhos marejados de Bellamy fitaram os dela por um longo e pesaroso instante. Por fim, ele falou.
— Você e eu ficamos nos perguntando o porquê disso tudo... Por que esse homem odeia tanto sua família?
As sobrancelhas de Katherine se franziram.
— Sim, e daí?
— Bom... — A voz de Bellamy falhou. — Acabei de encontrar a resposta.