Essa é nova. Langdon se perguntou o que um simples professor universitário poderia fazer pelo homem que tinha tudo.
- O que você quiser - disse ele, grato pela oportunidade de ajudar alguém que tanto lhe dera, sobretudo quando a vida privilegiada de Peter fora marcada por tantas tragédias.
Solomon baixou a voz.
- Eu estava pensando se você consideraria a possibilidade de cuidar de uma coisa para mim.
Langdon revirou os olhos.
- Espero que não seja de Hércules. - Certa vez, durante uma de suas viagens, Peter pedira que o amigo tomasse conta de seu mastim de 70 quilos, chamado Hércules. Enquanto estava na casa de Langdon, o cachorro aparentemente sentiu saudades de seu brinquedo de couro preferido e saiu à procura de um substituto para afiar os dentes, encontrando algo à altura no escritório do professor: uma Bíblia do século XVII, escrita à mão em velino autêntico e ornada com iluminuras.
- Ainda estou atrás de outra para lhe dar, sabia? - disse Solomon, sorrindo acanhado.
- Deixa pra lá. Fico satisfeito que Hércules tenha tido um gostinho de religião.
Solomon deu uma risadinha, mas parecia disperso.
- Robert, eu vim procurar você porque gostaria que cuidasse de uma coisa bastante valiosa para mim. Eu a herdei faz algum tempo, mas não me sinto mais à vontade deixando-a em casa ou no escritório.
Langdon se sentiu desconfortável na mesma hora. Qualquer coisa "bastante valiosa" no mundo de Peter Solomon com certeza significava uma verdadeira fortuna.
- Que tal um cofre no banco? - A sua família não é acionista de metade dos bancos dos Estados Unidos?
- Isso envolveria papelada e funcionários de banco; prefiro que seja um amigo de confiança. E sei que você sabe guardar segredos. - Solomon pôs a mão no bolso e retirou um pequeno embrulho, entregando-o a Langdon.