- Professor Langdon - disse um rapaz de cabelos encaracolados na última fileira -, se a Maçonaria não é uma sociedade secreta, nem uma empresa, nem uma religião, então o que é?
- Bem, se você perguntasse isso a um maçom, ele daria a seguinte definição: a Francomaçonaria é um sistema de moralidade envolto em alegoria e ilustrado por símbolos.
- Isso me parece um eufemismo para "seita de malucos".
- Malucos, você disse?
- É isso aí! - disse o aluno, levantando-se. - Sei muito bem o que eles fazem dentro desses prédios secretos! Rituais esquisitos à luz de velas, com caixões, forcas e crânios cheios de vinho para beber. Isso, sim, é maluquice!
Langdon correu os olhos pela sala.
- Alguém mais acha que isso é maluquice?
- Sim! - entoaram os alunos em coro.
Langdon deu suspiro fingido de tristeza.
- Que pena. Se isso é maluco demais para vocês, então sei que nunca vão querer entrar para a minha seita.
Um silêncio recaiu sobre a sala. A integrante da Associação de Alunas pareceu incomodada.
- O senhor faz parte de uma seita?
Langdon assentiu com a cabeça e baixou a voz até um sussurro conspiratório.
- Não contem para ninguém, mas, no dia em que o deus-sol Rá é venerado pelos pagãos, eu me ajoelho aos pés de um antigo instrumento de tortura e consumo símbolos ritualísticos de sangue e carne.
A turma toda fez uma cara horrorizada.
Langdon deu de ombros.
- E, se algum de vocês quiser se juntar a mim, vá à capela de Harvard no domingo, ajoelhe-se diante da cruz e faça a santa comunhão.
A sala continuou em silêncio.
Langdon deu uma piscadela.
- Abram a mente, meus amigos. Todos nós tememos aquilo que foge à nossa compreensão.
As badaladas de um relógio começaram a ecoar pelos corredores do Capitólio.
Sete horas.
Àquela altura, Robert Langdon estava correndo. Isso é o que eu chamo de entrada dramática. Ao passar pelo corredor de ligação da Câmara, viu a entrada do Salão Nacional das Estátuas e se encaminhou direto para lá.
Ao se aproximar da porta, diminuiu o passo até um ritmo descontraído e respirou fundo várias vezes. Abotoando o paletó, ergueu o queixo só um pouquinho e fez a curva bem na hora em que soava a última badalada.
Hora do show.
Ao entrar no salão, o professor Robert Langdon ergueu os olhos e abriu um sorriso caloroso. Um segundo depois, o sorriso evaporou. Ele estacou na hora.
Alguma coisa estava muito, muito errada.