CAPÍTULO 1
O elevador Otis que subia a coluna sul da Torre Eiffel estava lotado de turistas. Em seu interior abarrotado, o austero executivo de terno bem passado baixou os olhos para o menino ao seu lado.
- Você está pálido, filho. Devia ter ficado lá embaixo.
- Estou bem... - respondeu o garoto, esforçando-se para controlar a própria ansiedade. - Vou descer no próximo andar. - Não consigo respirar.
O homem chegou mais perto.
- Pensei que a esta altura você já tivesse superado isso. - Ele acariciou com afeto a bochecha do filho.
O menino estava com vergonha por desapontar o pai, mas mal conseguia escutar qualquer coisa, tamanho o zumbido em seus ouvidos. Não consigo respirar. Preciso sair de dentro desta caixa!
O ascensorista estava dizendo alguma coisa tranqüilizadora sobre os pistões articulados e a estrutura de ferro forjado do elevador. Muito abaixo deles, as ruas de Paris se estendiam em todas as direções.
Estamos quase chegando, disse o menino para si mesmo, esticando o pescoço e erguendo os olhos para a plataforma de desembarque. Agüente firme.
À medida que o elevador se aproximava num ângulo acentuado do deque de observação, o poço se estreitava, e seus enormes tirantes se contraíam formando um túnel apertado, vertical.
- Pai, eu acho que não...
De repente, um estalo abrupto ecoou acima dele. O elevador deu um tranco e pendeu para um dos lados, desequilibrado. Cabos esgarçados começaram a chicotear em volta do compartimento, agitando-se feito cobras. O menino estendeu a mão para o pai.
- Pai!