Para evitar que o arquipélago de Kiribati, no Oceano Pacífico, literalmente ‘suma do mapa’, o presidente do país, Anote Tong, está considerando deslocar toda a população para a principal ilha de Fiji, Viti Levu. Kiribati tem 103 mil habitantes.
“Não gostaríamos de colocar todo mundo em um pedaço de terra, mas se isso se tornar absolutamente necessário, sim, podemos fazer”, Tong disse à agência Associated Press. “Isso não seria uma medida para mim, pessoalmente, mas para a geração mais nova. Para eles, mudar não seria questão de escolha. Isso vai ser uma questão de sobrevivência”.
As autoridades de Kiribati estão considerando comprar uma área de 6.000 acres (24 km2) colocada à venda por um grupo religioso por cerca de US$ 9,6 milhões.
Fiji, que tem uma população de 850 mil habitantes, fica aproximadamente 2.250 quilômetros ao sul de Kiribati. O governo local está estudando os planos do arquipélago vizinho para se manifestar oficialmente sobre o assunto.
Já o presidente de Kiribati espera a aprovação da compra pelo Parlamento do país – o que está previsto para ocorrer em abril – para discutir a mudança formalmente com as autoridades fijianas.
O governo kiribaitiano já considerou outras opções para contornar o problema, como escorar as ilhas com muros no mar ou mesmo construindo uma ilha artificial flutuante – alternativa considerada muito cara pelas autoridades locais.
O temor é que o aumento do nível do mar por conta do aquecimento global inunde todo o arquipélago, que fica cerca de 4.000 km ao sul do Havaí e tem área total de 811 km2. Quase a totalidade das ilhas de Kiribati são atóis.
Os efeitos da mudança no clima estão sendo sentidos não apenas pelos kiribatianos, mas também pelas populações de Tuvalu, Tokelau e Samoa. Alguns cientistas estimam que o mar esteja subindo cerca de dois milímetros por ano, ritmo que deve se acelerar.
À rede de TV do governo de Fiji, o presidente de Kiribati disse que se a mudança realmente ocorrer, será feita por etapas. Os primeiros a morar na nova terra seriam os mais qualificados, para que pudessem contribuir com a economia do país vizinho. O governo inclusive já lançou um programa educacional para migrantes.
“Não queremos 100.000 pessoas indo de uma vez só. As pessoas precisam encontrar emprego, não como refugiados, mas como imigrantes com conhecimento a oferecer, pessoas que têm um lugar na comunidade, que não devem ser vistas como cidadãos de segunda classe.”
Kiribati, que era conhecida como Ilhas Gilbert no período em que foi colônia britânica, tornou-se uma nação independente em 1979.