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CAPITULO V A NOSSA ENTRADA NO DESERTO-20
日期:2024-11-12 14:17  点击:246
O barão, John e Umbopa tinham logo agarrado e apontado as carabinas. Os homens todavia continuavam avançando, devagar, em grupo. Percebi logo que nunca tinham visto espingardas, pelo modo como affrontavam assim tranquillamente os tres canos erguidos. --Baixem as armas! Gritei aos outros.
 
Tinha comprehendido tambem que a nossa segurança entre essa gente selvagem dependia toda de conciliação e de ardil. Apenas pois os companheiros baixaram as armas, caminhei lentamente para o velho.
 
--Bem vindo! Exclamei em Zulú, ao acaso, sem saber que idioma entenderiam aquelles homens.
 
Com surpreza minha, o velho comprehendeu. E respondeu logo, não em Zulú, mas n’um outro dialecto, tão parecido com o Zulú, que Umbopa e eu o percebemos perfeitamente:
 
--Bem vindo!
 
Como viemos a saber depois, a lingua d’este povo era uma fórma antiquada da lingua Zulú--e estando para o Zulú do sul como o inglez do tempo dos Tudores está para o inglez polido do seculo XIX. No emtanto o velho avançára outro passo, erguendo a mão.
 
--D’onde vindes? Continuou elle. Quem sois? Porque tendes tres de vós as faces brancas, e o outro a pelle como nós e como os filhos de nossas mães?
 
E apontava para Umbopa--que na realidade, pela figura, pela côr, pelas feições, era muito semelhante áquelles homens formidaveis. Eu então repeti a saudação ao velho. E, muito espaçadamente, para que elle apanhasse bem o meu Zulú:
 
--Somos gente d’outros sitios, vimos em boa paz, e este homem é nosso servo.
 
O velho abanou lentamente a cabeça, ornada de immensas plumas negras que ondulavam.
 
--Mentes! A gente d’outros sitios não póde atravessar as montanhas, nem o deserto sem agua onde toda a vida acaba. Mas não importa que mintas... Se sois estranhos e vindes d’outros sitios, tendes de morrer, porque não é permittido a ninguem entrar na terra dos Kakuanas. É a vontade do nosso rei. Preparai-vos pois para morrer, oh gentes!
 
Fiquei um pouco perturbado--tanto mais que vi alguns dos selvagens levarem logo a mão ao cinto d’onde lhes pendiam umas armas em fórma de pesadas navalhas.
 
--Que diz esse malandro? Perguntou o capitão, percebendo o meu embaraço.
 
--Diz simplesmente que nos vai retalhar á faca.
 
--Santo Deus! Murmurou o nosso amigo.
 
E, como era seu costume, em frente d’um perigo ou d’uma crise, passou nervosamente a mão pelo queixo e pelos beiços. Alguma coisa decerto lhe succedeu então á dentadura postiça (que momentos antes tirára para lavar e que tornára a pôr), porque n’um relance lhe vi os dentes todos de fóra, e logo sumidos para dentro! Não percebi bem o caso. Mas qual é o meu espanto quando os Kakuanas soltam um grito de terror, e recuam para traz, em tropel!
 
--Que foi? Exclamei. 
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