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CAPITULO V A NOSSA ENTRADA NO DESERTO-17
日期:2024-11-12 11:14  点击:232
Mas surgia uma difficuldade. Sem lenha, sem lume, como assar a caça?
 
--Gente faminta não tem exigencias! Gritou excitadamente o capitão John. A ella, e crúa!
 
Não restava outra solução--e não nos pareceu repugnante. Arrefecemos as visceras na neve, lavámol-as na agua corrente--e devorámol-as com voracidade! Parece horrivel:--mas confesso que aquella carne crúa me soube divinamente! D’ahi a um quarto de hora, que mudança! Voltára-nos a vida, o vigor! O pulso batia outra vez, forte e regular. Eu por mim sentia positivamente o sangue degelar-se, correr-me dentro das veias!
 
O barão apertou as mãos, e disse simplesmente:
 
--Louvado seja Deus por isto!
 
Ficámos olhando uns para os outros, muito tempo, sem falla, n’um sorriso mudo. E não havia em nós outra sensação--senão a de estarmos salvos, de estarmos vivos! Por fim adormecemos, envoltos dôcemente no sol, que subia macio e tepido. Quando acordámos, e esfregámos os olhos, o nevoeiro desapparecera. Toda a vasta região em baixo nos appareceu n’um relance. Demos um grande ah, lento e maravilhado! Nunca eu vira (nem outra vez verei!) terra mais deslumbrante! Mudo ainda, tonto da fadiga e da fome passada, parecia-me que morrera, que chegára ao Paraiso, e que o Senhor nos ia apparecer!
 
Estavamos no planalto d’um dos «Seios de Sabá», com um dos «bicos do peito» erguendo-se por traz de nós até ás nuvens, sublime e brilhante de neve. Logo por baixo desciam os vastos pendores da serra, n’uma profundidade de cinco mil pés; e para além das derradeiras faldas, a perder de vista, eram leguas e leguas d’uma terra esplendidamente fertil, de adoravel belleza. Viamol-a desdobrada ante nós como um immenso mappa em relevo; e os seus encantos differentes, assim abrangidos n’um relance, davam a impressão d’um paraiso resumido onde Deus prodigamente tivesse reunido as suas obras melhores. Escassamente se póde detalhar uma paizagem tão formosa e vária. Aqui alastrava-se uma vasta mancha de floresta; além um rio ondulava com vivos brilhos d’aço novo; para diante longas pradarias tapetavam o sólo de verde tenro e claro; mais longe era um lago que brilhava, grandes rebanhos que pastavam, ou uma collina onde a agua viva borbulhava e faiscava entre as rochas. As culturas abundavam, ricamente coloridas. A cada instante entre pomares e regatos avistavamos aldeias graciosas, com as cabanas coroadas por um tecto de colmo agudo. De tudo se elevava uma sensação prodigiosa de vida, de fartura, de paz. No horisonte surgiam picos de serras remotas, cobertas de neves. E um sol radiante derramava illimitadamente a alegria do seu fulgor d’ouro.
 
Duas coisas nos impressionaram. Primeiramente, que aquella região tão rica estivesse pelo menos cinco mil pés acima do nivel do deserto. E depois que toda a agua da serra corresse de sul para norte, do lado opposto ao sertão, indo unir-se ao magnifico rio que se perdia no horisonte azulado.
 
Nenhum de nós fallava, arrobados na contemplação d’aquella incomparavel natureza. Por fim o barão estendeu o braço:
 
--Ha uma estrada marcada no mappa, com o nome de estrada de Salomão, não é verdade? Pois lá está, além, para a direita...
 
E com effeito, para a direita, nos primeiros declives da serra, abaixo dos nossos pés, branquejava uma grande estrada! Tinhamos já perdido toda a faculdade de admirar. E a nenhum de nós pareceu estranho, que, no topo d’uma montanha, no centro d’Africa, a centos de leguas de toda a sciencia e civilisação, houvesse uma estrada, com as proporções e grandeza d’uma velha via romana, branca como neve, talhada sobre os abysmos.
 
--O melhor é descermos, disse simplesmente o capitão John. 
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