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CAPITULO V A NOSSA ENTRADA NO DESERTO-7
日期:2024-08-23 09:59  点击:332

Depois d’isto marchámos socegadamente até perto das duas horas da noite. Fizemos então uma paragem, bebemos uns goles d’agua (não muitos, nem largos, porque a agua passava a ser preciosa), e ao fim de trinta minutos de descanço recomeçámos a caminhar para diante, para diante sempre, até que o nascente se tingiu de laivos de rosa. Vimos as estrellas desmaiar, vivas barras alaranjadas alongarem-se ao rez do horisonte, a lua declinar mais livida que um cirio, longos raios de luz varar e colorir de fogo os nevoeiros, todo o deserto cobrir-se d’uma tremula refracção d’ouro--e ser dia!

 

Não parámos apesar de já cansados--pela certeza de que bem cedo o sol, nado e alto, nos impediria de dar um passo unico, sob o seu torrido esplendor. Com effeito, ás seis horas já ardia! Por felicidade avistámos então na planicie um montão de rochas. Para lá nos arrastámos, exhaustos. E por felicidade maior, uma enorme lasca de pedra pousada sobre grossos blocos fazia como um telheiro, cuja sombra cahia sobre um pedaço d’areia fina. Abrigo providencial! Alli nos aninhámos: e, depois de beber alguns goles d’agua bem contados e de comer uma lasca de biltong, adormecemos deliciosamente.

 

Ás tres horas acordámos. Os carregadores que tinham trazido as cabaças já se preparavam para voltar á sua aringa. De sorte que absorvemos uma farta tarraçada d’agua, enchemos de novo os cantis, e distribuimos pelos homens as facas de matto promettidas. D’ahi a instantes vimol-os (não sem uma vaga melancolia) voltar costas ao deserto e romper a marcha para o lado da sua aldeia, para o lado da frescura e da agua!

 

Ás quatro e meia mettemos de novo a caminho. A cada passo tudo de redor se parecia alargar em silencio e desolação. Ao principio ainda avistavamos, aqui e além, entre o matto, um abestruz. Depois, nem mesmo reptis topavamos na planicie arenosa. A nossa unica companhia era a mosca, a mosca ordinaria e caseira... Digno e veneravel animal! Em qualquer logar em que o homem penetre, deserto, montanha, caverna--a mosca lá está. Foi este decerto o primeiro dos sêres vivos que surgiu sobre a terra. Já havia moscas para pousar no nariz de Adão. O derradeiro homem ha de morrer com uma mosca a zumbir-lhe em torno á face. E talvez haja moscas no Paraiso.

 

Ao sol-posto parámos, esperando que nascesse a lua. Mais bella e serena que nunca surgiu ella ás dez horas--e toda a noite, sob o seu calmo e pensativo brilho, na mudez da vastidão, caminhámos, caminhámos... O sol nado pôz um termo á valente marcha. Sorvemos por conta uns goles d’agua dos cantis, atirámo-nos para cima da areia, e alli nos tomou o somno a todos quatro simultaneamente. Não havia necessidade que um velasse. Nada tinhamos a recear, nem de homem nem de fera, n’aquella immensidade despovoada. D’esta vez porém nenhuma rocha nos abrigava--e ás sete horas acordámos sob o sol faiscante, com a sensação que deve experimentar um bife de lombo achatado sobre a grelha. Estavamos sendo fritos! O sol por cima, a areia por baixo, seccavam-nos o sangue nas veias. Todos nos erguemos, de salto, quasi sem respiração.

 

--Santo Deus! Murmurou o barão, sacudindo os enxames de moscas. 
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